SÃO PAULO (Reuters) - A declaração de apoio à reeleição da presidente Dilma Rousseff pelo presidente do PSB, Roberto Amaral, dias depois de a sigla endossar a candidatura de Aécio Neves (PSB) gerou um racha no partido na véspera da eleição interna de segunda-feira e críticas do ex-candidato a vice-presidente Beto Albuquerque ao dirigente.
Albuquerque classificou neste domingo o apoio de Amaral a Dilma como "rebeldia" e afirmou que a decisão tira do dirigente as condições para seguir no comando da legenda.
"No momento em que o presidente de um partido vencido na sua posição mesmo assim mantém-se apaixonado pelo passado, ele perde todas as condições de continuar presidente do partido. Foi isso que ocorreu", disse Albuquerque em entrevista coletiva neste domingo em que Marina Silva, ex-candidata à Presidência do PSB, declarou apoio a Aécio.
Usando palavras duras contra Amaral, que já havia tentado marcar a eleição interna para antes do primeiro turno das eleições, Albuquerque questionou a "paixão" demonstrada pelo dirigente pela candidatura do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, que morreu em um acidente aéreo em agosto quando fazia campanha como presidenciável do PSB, o que levou Marina à cabeça de chapa.
"Se o PSB quisesse apoiar Dilma Rousseff, não precisava ter saído do governo dois anos atrás. Não precisava ter perdido Eduardo Campos à trabalho dessa mudança. Nós poderíamos estar hoje confortavelmente no governo. Quando nós tomamos a decisão de sair em candidatura própria, já dissemos o que achávamos deste governo", disse.
O PSB se reúne na segunda-feira para eleger o comando da legenda e, com o racha exposto entre Amaral e Albuquerque, a posição anunciada pelo ex-vice de Marina no fim do primeiro turno de buscar a unanimidade em torno da reeleição do atual presidente não vai mais acontecer.
(Reportagem de Eduardo Simões)