Por Nailia Bagirova e Nvard Hovhannisyan
BAKU/YEREVAN (Reuters) - Armênia e Azerbaijão se acusaram mutuamente de disparar diretamente no território um do outro além da zona de conflito de Nagorno-Karabakh nesta terça-feira, quando o pior conflito regional desde os anos 1990 entrou em seu terceiro dia e as mortes de civis aumentaram.
Surgiram relatos de dezenas de mortos e centenas de feridos desde que os confrontos entre o Azerbaijão e seu enclave montanhoso de armênios étnicos de Nagorno-Karabakh irromperam no domingo, uma nova erupção de um conflito de décadas.
Como sinal de que os combates estão se espalhando, o Ministério das Relações Exteriores armênio relatou a primeira morte na Armênia propriamente dita: um civil que, afirmou o órgão, foi morto em um ataque azeri na cidade de Vardenis, localizada a mais de 20 quilômetros de Nagorno-Karabakh.
O Ministério da Defesa armênio disse que um ônibus de civis armênios pegou fogo na cidade depois de ser atingido por um drone azeri. Não ficou claro se a morte civil relatada resultou deste incidente.
O presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, disse que 10 civis foram mortos por bombardeiros armênios desde domingo. Não havia informações oficiais sobre baixas entre tropas azeris.
Nagorno-Karabakh é uma região separatista localizada no Azerbaijão, mas administrada por armênios étnicos e apoiada pela Armênia. Ela se separou do Azerbaijão em uma guerra nos anos 1990, mas não é reconhecida por nenhum país como uma República independente.
Se o conflito degenerar em uma guerra, poderá atrair as grandes potências regionais Rússia e Turquia. Moscou tem uma aliança de defesa com a Armênia que é a tábua de salvação do enclave no mundo exterior, enquanto Ancara apoia os turcomanos étnicos do Azerbaijão aos quais os turcos são aparentados.
O Kremlin disse que Moscou mantém contato constante com Turquia, Armênia e Azerbaijão a respeito do conflito. Qualquer cogitação de envio de apoio militar aos lados em disputa só lançaria lenha na fogueira, acrescentou.
A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, pediu um cessar-fogo imediato e uma abrandamento em telefonemas com os líderes do Azerbaijão e da Armênia, disse o porta-voz do governo, Steffen Seibert.
O Ministério da Defesa armênio disse em um comunicado que as Forças Armadas azeris abriram fogo contra uma unidade militar em Vardenis, mas que a fronteira com o Naquichevão, uma República autônoma dentro do Azerbaijão, estava menos tensa.
Já o Ministério da Defesa azeri disse que o Exército armênio em Vardenis bombardeou a região de Dashkesan, situada dentro do Azerbaijão. A Armênia negou estes relatos.
(Reportagem adicional de Riham Alkousaa em Berlim e Gabrielle Tétrault-Farber em Moscou)