AMÃ (Reuters) - O presidente da Síria, Bashar al-Assad, disse que sua família não é "dona" do país que governa há 46 anos e que deixaria o cargo se o povo sírio escolhesse outro líder em uma eleição.
Assad também disse a um grupo de repórteres belgas que achou promissora a determinação do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no combate ao Estado Islâmico, embora seja cedo demais para esperar quaisquer medidas práticas, relatou a agência estatal de notícias Sana nesta terça-feira.
Contando com apoio da Rússia e do Irã, Assad no momento parece militarmente inatingível na guerra civil em curso em sua terra natal, resultante de protestos contra seu governo iniciados quase seis anos atrás, durante uma onda de revoltas contra autocratas árabes.
Assad, de 51 anos, chegou ao poder em 2000 após a morte de seu pai, o presidente Hafez al-Assad, que se tornou chefe de Estado em 1971 na esteira de um golpe militar perpetrado no ano anterior.
Indagado se consegue imaginar uma Síria que não seja comandada por sua família, ele respondeu: "É claro. Não somos donos do país, minha família não é dona do país".
"A Síria pertence aos sírios, e todo cidadão sírio tem o direito de estar nessa posição", afirmou.
Assad disse que deixaria o poder se fosse preterido em uma eleição --algo que já declarou no passado.
"Se o povo sírio escolher outro presidente, não terei que decidir sair, estarei fora dessa posição", disse na entrevista publicada nesta terça-feira.
Assad controla todas as principais cidades do oeste, onde vive a maior parte da população. Uma eleição presidencial foi realizada em 2014, mas foi declarada uma farsa por seus opositores. Grandes porções do território continuam fora de seu controle, inclusive áreas dominadas pelo Estado Islâmico e por uma milícia curda.