O gabinete da Assembleia Nacional da França, autoridade colegial mais alta da Casa Baixa composta por 22 deputados, aceitou nesta 3ª feira (17.set.2024) debater uma proposta de destituição do presidente francês, Emmanuel Macron (Renascimento, centro). As informações são do La Tribune.
A medida recebeu 12 votos a favor e 10 contra. Foi apresentada pelo partido de esquerda França Insubmissa depois de Macron rejeitar a nomeação de Lucie Castets para o cargo de primeira-ministra do país. Também recebeu apoio da NFP (Nova Frente Popular), coalizão de esquerda da qual a França Insubmissa faz parte.
Com a aprovação, a proposta de destituição será analisada pela Comissão Jurídica da Assembleia Nacional. Depois, seguirá para o plenário.
Em publicação no X (ex-Twitter), a líder parlamentar da França Insubmissa, Mathilde Panot, comemorou. Disse que a aprovação é um “acontecimento sem precedentes na história da 5ª República”. Também convocou a população para um ato contra Macron em 21 de setembro.
Gabriel Attal, ex-primeiro-ministro e líder parlamentar do Renascimento, partido de Macron, disse que a proposta de destituição era “uma declaração de guerra contra as instituições” francesas.
Já Marine Le Pen, líder do partido de direita RN (Reagrupamento Nacional), afirmou no X que a medida é uma “cortina de fumaça da extrema-esquerda para esconder os seus supostos compromissos com o partido governista”. Também disse que a proposta “não tem chance de ser bem-sucedida por causa das divisões na esquerda”.
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes, determinou a suspensão do X no Brasil. No entanto, brasileiros que estão no exterior seguem com acesso normal à plataforma. Foi desta maneira que este jornal digital leu as mensagens postadas no perfil e replica neste texto, por ser de interesse público e ter relevância jornalística.
ENTENDA MAIS
Em 5 de setembro, Emmanuel Macron nomeou Michel Barnier (Os Republicanos, centro-direita) como o novo primeiro-ministro da França. A indicação terminou semanas de impasse desde que as eleições legislativas foram realizadas no país.
A dificuldade na escolha do novo premiê se deu pela composição fragmentada da Assembleia Nacional, uma vez que nenhuma coalizão conseguiu a maioria absoluta (289 dos 577 assentos).
A esquerda francesa surpreendeu e saiu vitoriosa do 2º turno do pleito, realizado em 7 de julho. A NFP, coalizão formada às pressas para derrotar o RN, assegurou 182 cadeiras na Câmara Baixa do Parlamento.
A Nova Frente Popular queria que Macron nomeasse Lucie Castets para o cargo de primeiro-ministro. No entanto, o presidente francês descartou a escolha depois que outros partidos e coligações indicaram que votariam contra.
A Constituição francesa permite ao presidente nomear o primeiro-ministro, prerrogativa utilizada por Macron ao recusar Castets. O presidente justificou a decisão como uma medida para manter a “estabilidade institucional” em um Parlamento dividido.
Com a recusa de Macron em nomear Castets, a NFP acusou o presidente de abuso de poder. O partido França Insubmissa divulgou um comunicado repudiando a decisão.
“O presidente da República acaba de tomar uma decisão excepcionalmente grave. Não reconhece o resultado do sufrágio universal que colocou a Nova Frente Popular na liderança das votações”, declarou em 27 de agosto.