Por Andrew Osborn
MOSCOU (Reuters) - Um ativista russo da oposição, que se tornou a primeira pessoa a ser presa conforme uma nova lei que proíbe protestos anti-Kremlin pacíficos repetidos, disse que está sendo torturado na prisão e que teme por sua vida.
Em dezembro, um tribunal de Moscou condenou Ildar Dadin, de 34 anos, a três anos de prisão por realizar uma série de manifestações solitárias, embora sua pena tenha sido reduzida para dois anos e meio após uma apelação.
Ativistas de direitos humanos da Rússia veem Dadin, um crítico explícito do presidente russo, Vladimir Putin, e de suas políticas como um preso político. As autoridades dizem que Dadin infringiu uma lei, adotada depois de grandes manifestações anti-Kremlin, que criminaliza qualquer pessoa que viole as regras de protesto mais de duas vezes em 180 dias.
Em uma carta enviada à esposa de sua prisão no noroeste da Rússia, e publicada nesta terça-feira pelo portal de notícias Meduza, Dadin afirmou estar sendo submetido a espancamentos nos quais cerca de 10 carcereiros o chutam ao mesmo tempo.
Ele disse que também foi pendurado como um pedaço de carne com as mãos algemadas atrás das costas, que foi despido e ameaçado de estupro e que o diretor da prisão o alertou de que ele seria assassinado caso se queixasse.
"Espancamentos frequentes, assédio, humilhação, insultos, condições de detenção intoleráveis – está acontecendo com outros prisioneiros também", diz a carta.
Dadin disse que, se for submetido a um tratamento semelhante novamente, "é improvável que eu dure mais de uma semana".