Por Steve Scherer e Stephanie Nebehay
ROMA/GENEBRA (Reuters) - Imigrantes resgatados de um bote de borracha que partiu da Líbia na semana passada disseram que até 30 pessoas morreram pisoteadas ou afogadas durante a viagem, e o saldo de mortes no mar Mediterrâneo neste ano subiu para mais de 1.700, informou a Organização das Nações Unidas (ONU) nesta terça-feira.
Eles chegaram a Pozzallo, na Itália, na segunda-feira e disseram que seu bote perdeu o motor e começou a fazer água horas depois de zarpar da Líbia.
Alguns caíram no mar e se afogaram e outros foram pisoteados em meio ao pânico, inclusive uma criança pequena, o que deixou entre 20 e 30 mortos. Dois corpos foram recuperados.
As chegadas de imigrantes à Itália pelo mar aumentaram cerca de um terço neste ano, somando aproximadamente 60 mil pessoas, e o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) registrou mais de 1.700 mortos ou desaparecidos. Mais de 50 corpos foram levados à Itália nos últimos dias e dezenas mais podem ter morrido, disse a agência.
Um segundo grupo de sobreviventes de um bote de borracha disse ao Acnur que 82 pessoas podem estar mortas, já que caíram na água quando seu barco desinflou na última quarta-feira.
No mesmo dia, 33 corpos foram recuperados, incluindo 13 mulheres e 7 crianças, quando um barco de madeira quase virou e derrubou cerca de 200 pessoas no mar enquanto as operações de resgate começavam.
Imigrantes provenientes da África em fuga da violência e da penúria econômica vêm repetindo que se lançar ao mar é a única maneira de escapar do cativeiro e dos abusos na Líbia, onde os traficantes de pessoas operam impunemente.
"Vários refugiados e imigrantes que chegaram a Lampedusa no final de semana tinham ferimentos de tiro", disse Babar Baloch, porta-voz do Acnur em Genebra.
"Um homem disse à nossa equipe que foi baleado na perna por membros de milícias líbias que também roubaram seus pertences", disse Baloch.
"Outro homem foi baleado no braço e torturado por um traficante que extraiu seu dinheiro. Muitos sobreviventes também relataram ter testemunhado amigos sendo baleados ou mortos na Líbia."