Por Stephanie Burnett, Stephen Farrell e Hardik Vyas
AMSTERDÃ/LONDRES, 18 Out (Reuters) - Conforme a guerra entre Israel e o grupo militante palestino Hamas continua, reguladores e analistas afirmam que uma onda de desinformação online pode inflamar ainda mais as paixões e escalar o conflito em uma neblina de guerra eletrônica.
Uma explosão em um hospital de Gaza, que matou centenas de palestinos na terça-feira, é o foco mais recente da onda de atividade, já que os apoiadores de ambos os lados na batalha entre Israel e o Hamas tentam reforçar a narrativa de seu próprio lado e lançar dúvidas sobre a narrativa do outro.
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, referiu-se ao desafio de verificar informações durante o conflito em comentários sobre a explosão do hospital em uma visita a Israel nesta quarta-feira, dizendo que a responsabilidade pelo incidente parecia ser dos adversários de Israel.
"Mas há muitas pessoas por aí que não têm certeza, então temos muito, temos que superar muitas coisas", disse Biden.
A unidade de checagem de fatos da Reuters identificou vários casos de publicações nas redes sociais usando imagens e informações falsas sobre o conflito entre Israel e Hamas, e outros em que a confusão, e não a desinformação deliberada, parece ter aumentado as tensões.
Esses casos incluem:
* Uma conta na plataforma X com o nome de Farida Khan, alegando ser uma jornalista da Al Jazeera em Gaza, publicou uma mensagem dizendo que tinha um vídeo de um "míssil do Hamas aterrissando no hospital" no incidente de terça-feira.
Posteriormente, a Al Jazeera alertou os usuários que a conta não tinha vínculos com o serviço de notícias. O veículo disse à Reuters que não emprega uma pessoa com o nome Farida Khan. A conta foi removida mais tarde.
* Um vídeo do presidente russo, Vladimir Putin, falando sobre a Ucrânia no ano passado foi compartilhado neste mês com legendas alteradas alertando os EUA a não interferirem no conflito entre Israel e Hamas.
* Em meio a imagens genuínas que mostram cadáveres de pessoas mortas pelo Hamas em 7 de outubro, um vídeo de 2015 do linchamento de uma jovem de 16 anos na Guatemala foi deturpado online como se mostrasse uma jovem israelense sendo queimada por uma "multidão palestina".
* Depois de receber críticas online sobre as bandeiras azuis e brancas usadas em seu show, a cantora pop Pink publicou no X: "Estou recebendo muitas ameaças porque as pessoas acreditam erroneamente que estou hasteando bandeiras israelenses em meu show. Não estou."
CONSEQUÊNCIAS NO MUNDO REAL
O aumento das tensões pode ter consequências no mundo real além das cidades e kibutzes israelenses, onde 1.400 israelenses foram mortos por atiradores do Hamas em 7 de outubro, e em Gaza, onde mais de 3.000 palestinos foram mortos até agora pelos bombardeios retaliatórios de Israel.
A França foi colocada em seu alerta máximo de segurança depois que um professor foi morto em um ataque islâmico e alertas de bombas forçaram a retirada de pessoas do museu do Louvre. O ministro do Interior, Gérald Darmanin, disse que o ataque tinha ligação com os acontecimentos no Oriente Médio.
As escolas judaicas de Londres fecharam no fim de semana depois que uma instituição de caridade judaica que fornece segurança registrou um aumento de 400% nos incidentes antissemitas desde os ataques, em comparação com o mesmo período do ano passado.
Nos conflitos modernos, em todo o mundo e no Oriente Médio, os lados beligerantes há muito tempo usam a televisão -- e, mais recentemente, a internet -- para vencer a guerra por corações e mentes, bem como a guerra no solo, muitas vezes misturando verdade com ficção.
Os órgãos reguladores estão atentos. O chefe do setor da União Europeia, Thierry Breton, criticou o X, a Meta, o TikTok e o YouTube por não fazerem o suficiente para conter a desinformação após os ataques. Cada uma das empresas disse ter tomado medidas para lidar com o conteúdo nocivo.