Por Eduardo Simões
SÃO PAULO (Reuters) - Adélio Bispo de Oliveira, o homem que deu uma facada no então candidato Jair Bolsonaro em setembro do ano passado, foi absolvido nesta sexta-feira por ter sido considerado portador de uma doença mental e, portanto, inimputável, ao mesmo tempo que a Justiça determinou que ele fique internado por tempo indeterminado.
"Por se tratar de réu inimputável, ao invés de uma sentença condenatória, o Código de Processo Penal impõe, nesta hipótese, a absolvição imprópria do réu e a imposição de medida de segurança de internação, a ser cumprida em manicômio judiciário ou outro estabelecimento adequado", afirma nota da 3ª Vara Federal de Juiz de Fora (MG) sobre a sentença proferida pelo juiz Bruno Savino.
"A partir deste contexto, Adélio Bispo de Oliveira foi absolvido impropriamente e, em consequência, lhe foi imposta medida de segurança por prazo indeterminado."
Ao deixar o Palácio da Alvorada rumo à base aérea de Brasília, de onde embarcaria para São Paulo para a abertura da Copa América entre Brasil e Bolívia, Bolsonaro disse que pretende recorrer da decisão que absolveu Adélio e estar certo de que o atentado teve um mandante.
"Tentaram me assassinar, sim. Eu tenho a convicção de quem foi, mas não posso falar, não vou fazer pré-julgamenton de ninguém", disse o presidente a jornalistas.
"Pretendo fazer (recorrer). Vou ver quanto custa, se der para pagar... Agora, eu não tenho dúvida que acertaram com o Adélio a tentativa de me matar", acrescentou.
A nota da Justiça Federal afirma ainda que a eventual participação de outras pessoas no atentando contra o hoje presidente, quando fazia ato de campanha em Juiz de Fora, não foi alvo da ação penal e que está sendo investigada pela Polícia Federal,
"O objeto desta ação penal cinge-se à atuação de Adélio Bispo de Oliveira no atentado pessoal praticado contra o atual presidente da República. A eventual participação de outras pessoas no atentado, como coautores ou partícipes, continua a ser investigada no âmbito do inquérito policial", afirma a nota.
Desde o atentado, Bolsonaro tem chamado atenção para o fato de Adélio ter sido filiado ao PSOL antes do ataque e sugerido a possibilidade do envolvimento de outras pessoas no crime, que o levou a passar por cirurgias de reconstrução intestinal, a última delas já no início de seu mandato, para retirada de uma bolsa de colostomia.
Nesta semana o porta-voz da Presidência, general Otávio Rêgo Barros, disse que em uma reunião que Bolsonaro teve com o ministro da Justiça, Sergio Moro, e o diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, o presidente pediu o aprofundamento das investigações sobre o atentado de setembro.