SÃO PAULO (Reuters) - O candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, lamentou nesta sexta-feira o tom do debate presidencial da véspera na TV e disse que irá responder à altura aos ataques que receber da adversária no segundo turno, a presidente Dilma Rousseff (PT).
O tucano reuniu-se nesta sexta com a ex-presidenciável do PSB Marina Silva, que declarou apoio a ele no segundo turno e disse que a aliança inaugura um novo movimento na política brasileira.
Aécio e Dilma travaram na quinta-feira, nos estúdios do SBT, o debate mais agressivo da campanha com ataques generalizados de ambos os lados, deixando as propostas de governo em segundo plano.
O tucano voltou a culpar a petista pelo tom do encontro e disse que seguirá apresentando propostas, mas sem deixar de responder aos ataques.
"Vamos enfrentar, eu vou responder sempre no mesmo nível aos ataques que eu vier a receber", disse Aécio, em uma declaração que sinaliza o tom que deve ter o próximo debate entre presidenciáveis na noite de domingo, na TV Record.
O tucano classificou o apoio recebido de Marina como um "momento histórico" e exaltou a "generosidade" de sua neoaliada.
"Hoje nós estamos nos somando em um movimento, um movimento a favor do Brasil", disse Aécio ao lado de Marina, que no último domingo anunciou seu apoio ao candidato do PSDB, mas só nesta sexta apareceu em público ao lado dele.
Apesar do encontro, segundo Aécio, ainda não se discutiu como será a participação da ex-presidenciável na campanha, nem se ela participará de um eventual governo, em caso de vitória tucana.
De acordo com Aécio, seria "desrespeitoso" tratar agora de eventual participação no governo. Além disso, ele garantiu que Marina não exigiu nada para apoiá-lo.
Assim como fez ao anunciar o apoio a Aécio no domingo, Marina voltou a elogiar o tucano por, segundo ela, ter interpretado corretamente o que aconteceu no Brasil nos últimos 20 anos e destacou o caráter "programático" da aliança.
"Ouço com alegria a sua manifestação, candidato Aécio, de que a partir de agora você trabalha como um movimento, um movimento da mudança. A mudança que não é a mudança pela mudança, mas é a mudança qualificada, que preserva as conquistas, que encara os desafios, que não é complacente com os erros, mas que tem a humildade de compreender que algo grandioso não se faz por um grupo, por um partido, por uma pessoa", disse Marina.
Tanto Aécio quanto integrantes do PSB afirmaram que não foram tratados eventuais cargos para o partido em um eventual governo tucano, mas membros da sigla que abriga Marina, como o ex-candidato a vice Beto Albuquerque e o coordenador do programa de governo Maurício Rands, disseram que, com o apoio dado a Aécio, a legenda estará na base de sustentação em um eventual governo do PSDB.
Ao receber o apoio formal do PSB na semana passada, Aécio disse que contaria com o partido não só na campanha, mas também no governo.
(Por Eduardo Simões)