Por Nandita Bose
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos EUA, Joe Biden, e a vice-presidente Kamala Harris vão destacar nesta semana as restrições republicanas ao direito ao aborto -- uma questão com a qual eles esperam aumentar o entusiasmo em sua base democrata, atrair eleitores independentes e elevar o comparecimento na eleição de novembro.
Nesta segunda-feira, 51º aniversário da agora anulada decisão Roe versus Wade da Suprema Corte norte-americana, Biden convocará uma reunião da força-tarefa de direitos reprodutivos na Casa Branca e Kamala dará início a uma turnê nacional sobre o direito ao aborto, em Wisconsin, estado crucial para Biden.
Na terça-feira, Biden e Kamala, juntamente com a primeira-dama Jill Biden e o marido da vice-presidente, Doug Emhoff, farão sua primeira aparição conjunta de campanha de 2024, em um comício pelo direito ao aborto na Virgínia, onde os democratas recentemente conquistaram o controle legislativo estadual.
A campanha de Biden está colocando o direito ao aborto em primeiro plano em 2024. O argumento é de que o acesso ao aborto é uma liberdade pessoal que o ex-presidente Donald Trump e os republicanos estão negando às mulheres.
Os defensores anti-aborto, com o apoio de grupos evangélicos cristãos, argumentam que são necessários limites mais rigorosos à prática nos níveis estaduais e nacional.
“Ainda não terminamos”, disse a presidente da Marcha pela Vida, Jeanne Mancini, em Washington na sexta-feira.
Pesquisas mostram que Biden está empatado com Trump, enquanto a campanha do democrata enfrenta as preocupações dos eleitores sobre sua idade, a economia e a atuação na guerra entre Israel e Hamas.
Os democratas esperam que uma ameaça de novas restrições ao aborto leve os eleitores às urnas em novembro.
“Quando os candidatos concorrem para defender a liberdade reprodutiva, eles vencem as eleições”, disse a gerente de campanha de Biden, Julie Chavez Rodriguez, em um memorando na sexta-feira.
Uma nova campanha publicitária, dirigida às mulheres suburbanas e aos jovens eleitores em estados eleitorais em disputa, centra-se no impacto pessoal da proibição do aborto.
O primeiro anúncio, de 60 segundos, apresenta o doutor Austin Dennard, um ginecologista obstetra do Texas, que teve que fugir de seu estado para fazer um aborto.
Grupos de direitos ao aborto estão coletando assinaturas no Arizona, em Nevada e na Flórida para colocar em votação uma emenda aos direitos reprodutivos também em 2024.
A maioria das pesquisas de opinião, incluindo uma sondagem Reuters/Ipsos realizada em julho, mostra que a maioria dos eleitores dos EUA se opõe aos candidatos presidenciais que defendem limites rigorosos ao aborto.
(Reportagem de Nandita Bose em Washington)