Por Andreas Rinke e Sarah Marsh e David Brunnstrom
BERLIM/WASHINGTON (Reuters) - O chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, manterá conversas confidenciais nesta sexta-feira em Washington com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, sobre a guerra na Ucrânia, em meio a crescentes preocupações de que a China possa fornecer armas à Rússia, à medida que a invasão da Ucrânia entra no segundo ano.
Scholz partiu para a viagem de um dia, que excepcionalmente não inclui uma delegação de imprensa, na noite de quinta-feira.
Biden e Scholz se reunirão por uma hora na Casa Branca, incluindo um significativo encontro individual, disse uma autoridade graduada dos EUA, dando aos dois a chance de "trocar observações" sobre suas respectivas reuniões recentes com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, e o estado da guerra.
"Ambos os líderes queriam que esta fosse uma reunião de nível de trabalho, queriam que fosse um mergulho nos detalhes, focado nas questões da Ucrânia", disse a fonte.
Um tópico importante será o esforço para fornecer novo apoio ocidental às forças ucranianas, que estão se preparando para uma nova ofensiva russa nas próximas semanas, disseram autoridades. Washington deve anunciar um novo pacote de ajuda militar de 400 milhões de dólares para o governo de Kiev no dia da visita de Scholz, segundo autoridades.
Sua primeira viagem a Washington desde pouco antes da invasão ocorre dias depois que o conselheiro de segurança de Biden, Jake Sullivan, disse à ABC que Biden ignorou o conselho de seus militares e concordou em enviar tanques Abrams para a Ucrânia porque Scholz fez disso uma pré-condição para o envio dos tanques alemães Leopards. Berlim diz que Biden chegou a ver que era necessário e que a decisão foi consensual.
O líder alemão chega no momento em que os Estados Unidos estão sondando aliados próximos sobre a possibilidade de impor sanções à China se Pequim fornecer apoio militar à Rússia para sua guerra na Ucrânia, segundo quatro autoridades norte-americanas e outras fontes.
Nem Washington nem Berlim dizem ter visto evidências do fornecimento de armas por Pequim a Moscou, mas autoridades dos EUA dizem que estão monitorando a situação de perto.
A Alemanha, que normalmente adota uma postura muito menos agressiva em relação à China, seu principal parceiro comercial, do que os Estados Unidos, sugeriu que a China poderia desempenhar um papel na conquista da paz -- uma perspectiva que muitos observadores da China veem com ceticismo.
Uma segunda autoridade graduada dos EUA minimizou as sugestões de grandes tensões entre Washington e Berlim.
"O relacionamento está em um lugar sólido como uma rocha", disse a fonte. "A reunião se concentrará amplamente no que estamos fazendo juntos para apoiar a Ucrânia -- um sinal da boa base em que o relacionamento continua."
Autoridades dos EUA saudaram o discurso de Scholz ao Parlamento na quinta-feira, no qual ele pediu à China que não forneça armas a Moscou e pediu a Pequim que pressione a Rússia a retirar suas tropas.
"Os formuladores de políticas dos EUA têm uma preocupação crônica de que potências industriais europeias como a Alemanha permitirão que seus interesses comerciais na China moderem sua disposição de assumir posições duras em questões de segurança e geopolíticas", disse Daniel Russel, que atuou como principal diplomata dos EUA para o Leste Asiático sob o presidente Barack Obama e agora está com a Asia Society.
"O governo Biden usará a visita de Scholz para tentar mudar o equilíbrio da Alemanha na direção de uma resistência mais forte."