Por Steve Holland, Susan Heavey e Daphne Psaledakis
WASHINGTON, 1 Fev (Reuters) – A administração Biden impôs sanções a quatro homens israelenses acusados de envolvimento em violência dos colonos na Cisjordânia, sinalizando o crescente descontentamento dos EUA com as políticas do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
O presidente Joe Biden editou nesta quinta-feira um decreto que tem como objetivo punir colonos judeus que atacarem palestinos na Cisjordânia ocupada, onde os palestinos prevêem um futuro Estado.
O decreto cria um sistema de sanções financeiras e restrições de vistos contra pessoas que atacaram ou intimidaram palestinos ou tomaram suas propriedades, afirmou em comunicado o conselheiro nacional de Segurança dos EUA, Jake Sullivan.
“As decisões de hoje têm como objetivo promover a paz e a segurança para israelenses e palestinos”, afirmou.
Números da Organização das Nações Unidas (ONU) mostram que os ataques de colonos israelenses mais do que dobraram nos quase quatro meses desde o ataque do Hamas em 7 de outubro, que gerou a ofensiva de Israel contra a Faixa de Gaza, que é governada pelo grupo.
As sanções do Departamento de Estado congelam os bens dos quatro homens nos EUA e, em geral, impedem os americanos de negociar com eles.
"Israel precisa fazer mais para acabar com a violência contra civis na Cisjordânia e responsabilizar os culpados", disse o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, em um comunicado separado.
"Os Estados Unidos continuarão a tomar medidas para promover os objetivos de política externa dos Estados Unidos, incluindo a viabilidade de uma solução de dois Estados, e estão comprometidos com a segurança, proteção e dignidade de israelenses e palestinos."
Biden e outras autoridades dos EUA têm alertado repetidamente Israel que o país precisa agir para conter a violência de colonos israelenses contra palestinos na Cisjordânia.
Biden levantou a questão diretamente com Netanyahu, disse uma autoridade sênior, já que o presidente busca um caminho para uma solução de dois Estados para Israel e os palestinos quando o conflito de Gaza terminar.
Netanyahu, que lidera uma coalizão religiosa de direita, tem resistido aos apelos dos EUA para desenvolver um plano para Gaza pós-conflito e para abraçar um acordo de paz que preveja Estados israelenses e palestinos lado a lado.
Nesta quinta-feira, seu gabinete respondeu às medidas dos EUA dizendo que elas eram desnecessárias.
"Israel toma medidas contra todos os infratores da lei em todos os lugares e, portanto, não há necessidade de medidas incomuns sobre a questão", disse em um comunicado.
A Cisjordânia, um dos territórios onde palestinos buscam criar um Estado, junto com a Faixa de Gaza, tem sido palco de crescente violência nos últimos meses, em meio à expansão dos assentamentos judaicos e um impasse de quase uma década nas negociações de paz.
O ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, chefe do partido de extrema-direita e pró-assentamentos Sionismo Religioso, adotou tom desafiador contra o decreto de Biden.
“A campanha 'da violência dos colonos' é uma mentira antissemita que inimigos de Israel disseminam, com o objetivo de difamar os colonos e empresas nos assentamentos, para prejudicá-los, e assim fazer com todo o Estado de Israel”, disse.
Desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967, Israel ocupa a Cisjordânia -- que os palestinos reivindicam como principal terra de um futuro Estado independente -- e tem construído assentamentos que a maioria dos países considera ilegais. Israel contesta isso, com base em laços históricos e bíblicos com a região.
(Reportagem de Steve Holland, Susan Heavey, Daphne Psaledakis e Doina Chiacu em Washington; reportagem adicional de Dan Williams em Jerusalém)