WASHINGTON (Reuters) - Os Estados Unidos estão prontos para delinear um novo acordo de armas nucleares com a Rússia e pediram a Moscou que demonstre sua capacidade de negociar de boa fé, disse o presidente dos EUA, Joe Biden, antes das discussões sobre não proliferação global na Organização das Nações Unidas (ONU) nesta segunda-feira.
Biden também pediu que a China "se envolva em negociações que reduzam o risco de erro de cálculo e abordem dinâmicas militares desestabilizadoras".
Autoridades de todo o mundo estão se reunindo em Nova York para a 10ª Conferência de Revisão do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), dois anos depois de ter sido adiada pela pandemia de Covid-19.
Historicamente, o controle de armas é uma área em que o progresso tem sido possível, apesar das amplas divergências. A conferência acontece cinco meses depois que a Rússia invadiu a vizinha Ucrânia e à medida que as tensões entre EUA e China aumentam em relação a Taiwan, a ilha autogovernada reivindicada por Pequim.
Moscou e Washington em fevereiro prorrogaram por cinco anos seu novo tratado START, que limita o número de ogivas nucleares estratégicas que ambos podem implantar e limita os mísseis e bombardeiros terrestres e submarinos.
"Hoje, meu governo está pronto para negociar rapidamente uma nova estrutura de controle de armas para substituir o novo tratado START, quando expirar em 2026", disse Biden em comunicado.
"Mas a negociação exige um parceiro disposto a operar de boa fé. E a agressão brutal e injustificada da Rússia na Ucrânia destruiu a paz na Europa e constitui um ataque aos princípios fundamentais da ordem internacional", disse Biden. "A Rússia deve demonstrar que está pronta para retomar o trabalho de controle de armas nucleares com os Estados Unidos."
Questionado sobre a declaração, uma fonte do Ministério das Relações Exteriores da Rússia questionou a seriedade das intenções de Washington, dizendo a Reuters: "Esta é uma declaração séria ou um ataque de hackers ao site da Casa Branca? Se ainda for sério, com quem exatamente eles pretendem discutir isso?"
Biden disse que a China também tem a responsabilidade de desempenhar um papel de liderança na não proliferação.
"Não há benefício para nenhuma de nossas nações, ou para o mundo, em resistir a um engajamento substantivo no controle de armas e na não proliferação nuclear", disse Biden, citando "este momento de incerteza e agitação no cenário global".
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, que representará os Estados Unidos na reunião da ONU, ecoou o apoio de Biden ao TNP e seus países parceiros.
(Reportagem de Susan Heavey e redação da Reuters)