Por Steve Holland e Andrea Shalal
WASHINGTON (Reuters) - O presidente norte-americano, Joe Biden, repetiu que não vai desistir ao enfrentar os apelos de muitos democratas para abandonar sua candidatura à reeleição, usando as comemorações do 4 de Julho nesta quinta-feira para responder às dúvidas sobre sua resistência e acuidade mental para continuar sua campanha.
O desempenho ruim do democrata de 81 anos em um debate com o rival republicano Donald Trump na semana passada, significa que todas as suas aparições agora são examinadas de perto. Muitos eleitores democratas estão preocupados se ele conseguirá manter um ritmo exaustivo de trabalho pelos próximos quatro anos e meio, e alguns membros de seu partido pediram que ele se afastasse.
Biden foi o anfitrião das festividades anuais do Dia da Independência na Casa Branca, nesta quinta-feira, incluindo um churrasco para militares da ativa e suas famílias.
Biden, em um terno sem gravata, começou seus comentários com um vigoroso "Feliz Dia da Independência!"
Lendo a partir de um teleprompter, Biden não cometeu erros graves em suas breves declarações, mas em um ponto pareceu sair do roteiro para fazer referência a um cemitério de guerra que Trump se recusou a visitar enquanto estava no cargo.
"A propósito, vocês sabem, eu estive naquele cemitério da Primeira Guerra Mundial na França. Aquele em que um de nossos pares, um ex-presidente, não quis ir...", disse ele, com a voz caindo para um volume baixo e se arrastando, antes de continuar seus comentários.
Enquanto Biden se misturava e tirava selfies com os convidados, alguém pediu a ele para "continuar lutando".
"Você me pegou, cara. Eu não vou a lugar nenhum", disse Biden, repetindo sua promessa de permanecer na disputa, apesar dos crescentes apelos para que desista.
Abigail Disney (NYSE:DIS), neta de Walt Disney, que fundou a empresa que leva seu nome e que tem sido uma importante doadora democrata, tornou-se a mais recente doadora a pedir que Biden se retire da corrida presidencial, dizendo à CNBC nesta quinta-feira que suspenderá as doações ao Partido Democrata até que ele o faça.
A vice-presidente Kamala Harris é a principal candidata a ocupar seu lugar na eleição de 5 de novembro, caso Biden desista, disseram fontes, embora seus aliados acreditem que ele possa amenizar as preocupações dos eleitores e doadores.
Entre os eventos da agenda de Biden que estarão sendo examinados de perto, está uma entrevista à ABC News que ele dará na sexta-feira e que será transmitida na íntegra às 21h (horário de Brasília). Ele também viajará para Wisconsin no mesmo dia para um comício de campanha.
Dezenas de deputados democratas estão observando atentamente, preparados para pedir a Biden que se afaste se ele não tiver uma boa performance na entrevista à ABC, disse uma fonte à Reuters.
Os democratas veem a conquista do controle da Câmara em novembro como algo crítico, pois pode ser a última vez que manterão o poder em Washington se Trump retornar à Casa Branca e os republicanos conquistarem o Senado.
Biden enfrenta uma nova realidade desde o debate da semana passada -- mesmo que ele não vacile verbal ou fisicamente, é provável que persistam sérias preocupações sobre sua viabilidade como candidato. Se ele distorcer as palavras ou parecer desconcentrado ou confuso, enfrentará uma pressão renovada para desistir.
As pesquisas de opinião mostraram um leve revés para Biden após o debate da semana passada em Atlanta, mas um novo levantamento Reuters/Ipsos apontou Biden empatado com Trump, um sinal de que a disputa continua acirrada.
Trump e Biden tiveram, cada um, 40% de apoio entre os eleitores registrados na pesquisa de dois dias concluída na terça-feira. Uma pesquisa anterior da Reuters/Ipsos, realizada em 11 e 12 de junho, mostrou Trump com uma vantagem marginal de 2 pontos percentuais, 41% a 39%.
Em uma entrevista com Earl Ingram, do programa de rádio "The Earl Ingram Show", na quarta-feira, Biden disse que continuará lutando.
"Eu fiz besteira, cometi um erro. Foram 90 minutos no palco. Veja o que eu fiz nos últimos três anos e meio", disse ele.
Biden se reuniu com um grupo de governadores democratas na quarta-feira na Casa Branca para defender sua permanência na disputa. Alguns disseram aos repórteres que estão ao seu lado.
"O presidente Joe Biden está nessa para vencer", disse a governadora de Nova York, Kathy Hochul, aos repórteres após as conversas.