Por Simon Evans
ZURIQUE (Reuters) - O presidente da Fifa, Joseph Blatter, e presidente da Uefa, Michel Platini, foram afastados do futebol por oito anos, nesta segunda-feira, devido a violações éticas, deixando as duas entidades sem líderes no momento em que enfrentam uma série de casos de corrupção.
Os dois dirigentes, que também foram multados, estavam suspensos provisoriamente desde outubro, em meio a uma investigação sobre um pagamento de 2 milhões de francos suíços (2,02 milhões de dólares) que a Fifa fez a Platini em 2011 com a aprovação de Blatter.
Com a decisão, os 17 anos de Blatter no comando do futebol internacional terminam em desgraça. A medida também significa, na prática, que Platini não poderá substituir o longevo presidente da Fifa na eleição de fevereiro da entidade responsável pelo futebol mundial.
Platini disse que vai apelar no Tribunal Arbitral do Esporte contra a suspensão, afirmando em nota que está "em paz com a consciência".
Blatter, que passou quatro décadas na Fifa, caiu lutando – fez uma coletiva de imprensa para dizer aos repórteres que só lamenta que o presidente da Fifa esteja sendo tratado como "um saco de pancadas".
"Lutarei por mim e lutarei pela Fifa", afirmou Blatter, abatido mas confiante.
O suíço declarou que o Comitê de Ética da entidade não tem o direito de afastá-lo de suas funções e que irá questionar a decisão no Comitê de Apelações da Fifa e, se necessário, no Tribunal Arbitral do Esporte, na cidade de Lausanne, na Suíça, e em outras cortes do país.
O comitê disse não ter encontrado indícios de que o pagamento, feito em uma época na qual Blatter buscava a reeleição, constituiu um suborno, o que poupou os dois dirigentes de possíveis afastamentos vitalícios.
Mas o organismo também declarou que a transação careceu de transparência e que representou um conflito de interesses. Platini, como Blatter, vem negando qualquer irregularidade.
A investigação ética começou depois que o procurador-geral da Suíça decidiu acusar Blatter criminalmente em função do pagamento a Platini. A Procuradoria-Geral também investiga a concessão das Copas do Mundo de
2018 e 2022 à Rússia e ao Catar.
Blatter e Platini argumentaram que o pagamento se deu após um acordo verbal que os dois fizeram em 1998, e que dizia respeito a trabalhos que Platini realizou para a Fifa entre 1998 e 2002.