Por Michelle Nichols
NAÇÕES UNIDAS (Reuters) - Os Estados Unidos disseram na Organização das Nações Unidas nesta terça-feira que não pretendem entrar em conflito com o Irã, mas o secretário de Estado, Antony Blinken, alertou que Washington agirá de forma rápida e decisiva se o Irã ou seus representantes atacarem pessoal dos EUA em qualquer lugar.
Blinken falou ao Conselho de Segurança da ONU, composto por 15 membros, em meio a temores internacionais de que o conflito entre Israel e os militantes palestinos do Hamas apoiados pelo Irã na Faixa de Gaza possa se transformar em uma guerra mais ampla, atraindo o Hezbollah, fortemente armado no Líbano, que também é apoiado por Teerã.
"Os Estados Unidos não querem entrar em conflito com o Irã. Não queremos que essa guerra se amplie. Mas se o Irã ou seus representantes atacarem o pessoal dos EUA em qualquer lugar, não se engane: defenderemos nosso povo, defenderemos nossa segurança - de forma rápida e decisiva."
As Forças Armadas dos EUA estão tomando novas medidas para proteger suas tropas no Oriente Médio, à medida que aumentam as preocupações com os ataques de grupos apoiados pelo Irã, segundo autoridades informaram à Reuters. Os EUA também enviaram navios de guerra e aviões de combate para a região para tentar deter o Irã e os grupos apoiados pelo Irã, incluindo dois porta-aviões.
A missão do Irã nas Nações Unidas não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre as falas de Blinken.
"Pedimos a todos os Estados membros que enviem uma mensagem firme e unida a qualquer Estado ou ator não-estatal que esteja considerando abrir outra frente nesse conflito contra Israel ou que possa ter como alvo os parceiros de Israel, incluindo os Estados Unidos: não o façam. Não joguem lenha na fogueira", disse Blinken.
Ao lado de seus pares árabes, o ministro das Relações Exteriores da Jordânia, Ayman Safadi, disse aos repórteres nas Nações Unidas que a ameaça de propagação do conflito é um "perigo real".
"Todos nós estamos fazendo tudo o que podemos para impedir. Existe a ameaça de que isso se expanda para a Cisjordânia, para o Líbano e para outras frentes. Nenhum de nós quer isso, estamos todos trabalhando contra isso", afirmou ele.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu nesta terça-feira que os civis sejam protegidos na guerra entre Israel e os militantes palestinos do Hamas, expressando preocupação com as "claras violações do direito internacional humanitário" na Faixa de Gaza.
Mais de 700 palestinos foram mortos em ataques aéreos israelenses durante a noite, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, o maior número de mortos em 24 horas desde que Israel iniciou uma campanha de bombardeio para esmagar os militantes do Hamas, que surpreenderam o país com um ataque mortal em 7 de outubro.
"É importante também reconhecer que os ataques do Hamas não aconteceram em um vácuo. O povo palestino tem sido submetido a 56 anos de ocupação sufocante", disse Guterres.
"Mas as queixas do povo palestino não podem justificar os terríveis ataques do Hamas. E esses ataques terríveis não podem justificar a punição coletiva do povo palestino", afirmou ele.
O embaixador de Israel na ONU, Gilad Erdan, descreveu o discurso de Guterres como "chocante". Em uma publicação no X, anteriormente conhecido como Twitter, ele pediu que Guterres renunciasse imediatamente, enquanto o ministro das Relações Exteriores de Israel, Eli Cohen, disse que não se encontraria mais com Guterres na terça-feira, conforme planejado.