Por Simon Lewis e Humeyra Pamuk
WASHINGTON (Reuters) - Os Estados Unidos definiram formalmente que o Exército de Mianmar cometeu genocídio e crimes contra a humanidade em uma campanha violenta contra a minoria rohingya, afirmou o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, nesta segunda-feira, alertando que, enquanto a junta militar estiver no poder, ninguém no país estará seguro.
Ao anunciar a decisão, que foi noticiada em primeira mão pela Reuters no domingo, Blinken disse que os ataques contra os rohingya foram "generalizados e sistemáticos" e que as evidências apontam para uma intenção clara de destruir a minoria majoritariamente muçulmana.
A definição pode impulsionar as iniciativas para responsabilizar os generais de Mianmar e prevenir novas atrocidades, segundo acreditam as autoridades norte-americanas. Ativistas saudaram a medida, mas pediram medidas concretas, como sanções mais duras à junta militar.
Em seu discurso no Museu Memorial do Holocausto em Washington, o principal diplomata norte-americano leu em voz alta relatos assustadores e trágicos de vítimas, que sofreram estupros, tortura e tiros na cabeça.
As Forças Armadas de Mianmar iniciaram uma operação militar em 2017 que forçou pelo menos 730 mil rohingya a deixarem suas casas e fugirem para o vizinho Bangladesh. Em 2021, os militares do país tomaram o poder em um golpe.
"Desde o golpe, estamos vendo as forças militares birmanesas utilizarem as mesmas táticas. Apenas agora os militares estão atacando qualquer um na Birmânia que veem como de oposição ou prejudicial ao seu comando repressor", disse Blinken. "Para os que não entenderam antes do golpe, a violência brutal empregada pelas forças militares desde fevereiro de 2021 deixou claro que ninguém na Birmânia estará a salvo das atrocidades enquanto eles estiverem no poder", acrescentou.
(Reportagem de Simon Lewis e Humeyra Pamuk)