MADRI (Reuters) - A Espanha está a dias de formar seu primeiro governo verdadeiro em 10 meses, mas se há alguém que mal pode esperar é Susana Morales, cuja instituição de caridade precisa de aprovação para ampliar seu serviço de adoção -- parte de uma montanha de tarefas atrasadas aguardando o novo gabinete.
"Nada está sendo processado. Isso está causando muito estrago", disse a frustrada Susana, referindo-se à ausência de um governo plenamente funcional desde dezembro passado, quando a Espanha foi às urnas para a primeira de duas eleições com resultados inconclusivos.
O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, permaneceu no cargo em caráter interino, sem plenos poderes, e finalmente está prestes a formar um governo conservador de fato até o próximo final de semana, já que no domingo o Partido Socialista, de oposição, concordou em não bloqueá-lo.
A pendência de Susana é uma das incontáveis tarefas que o novo governo irá enfrentar, como a indicação de 44 novos enviados, a ratificação de 64 tratados internacionais e a retomada da busca de interesses comerciais no exterior, negligenciada durante a paralisia política em casa.
Sem visitas de Estado para abrir portas no Irã, por exemplo, a comunidade empresarial espanhola tem sido uma virtual espectadora da abertura gradual de Teerã neste ano.
"A Espanha não só está perdendo sua presença e visibilidade e se distanciando dos centros de pode, isso também é um freio no crescimento e na criação de empregos", disse um relatório interno do Ministério das Relações Exteriores de setembro visto pela Reuters, que descreveu a Espanha como um "pato manco".
(Por Sarah White e Angus Berwick)