DRESDEN, Alemanha (Reuters) - Os alemães relembraram nesta quinta-feira os 75 anos de bombardeios dos Aliados em Dresden que mataram 25 mil pessoas, meros três meses antes do final da Segunda Guerra Mundial, uma operação que ainda hoje atiça o apoio crescente da extrema-direita.
Em uma cidade na qual sobrevive o ressentimento do que os neonazistas chamam de "holocausto das bombas", o presidente Frank-Walter Steinmeier discursará em uma cerimônia discreta, na qual velas serão acesas e se formará uma corrente humana para lembrar as vítimas.
Com a missão de acabar com o moral dos civis, apesar de a guerra estar quase terminada, aviões britânicos golpearam Dresden com uma mistura letal de bombas explosivas e incendiárias na noite de 13 de fevereiro.
Elas criaram uma tempestade de fogo que varreu as ruas e arrasou as famosas igrejas barrocas e palácios de Dresden. Aviões dos Estados Unidos se uniram ao ataque mais tarde, e no total os Aliados lançaram ao menos 3.900 toneladas de bombas.
A moradora Nora Lang, hoje com 88 anos, tinha 13 quando os bombardeiros destruíram partes da cidade.
"Aquelas foram as horas mais horríveis da minha vida", disse ela em seu apartamento de Dresden. "O medo mortal e o desamparo – tudo veio de cima, toneladas disso."
Em 2010, uma Comissão Histórica estimou o saldo de mortes em 25 mil – um número contestado há tempos.
Historiadores dizem que o bombardeio alimentou um mito de vitimização inventado pelos nazistas, adotado pelos comunistas da Alemanha Oriental e mais tarde também pela extrema-direita.
(Da Reuters Television)