LONDRES (Reuters) - O ex-primeiro ministro do reino Unido, Boris Johnson, disse que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, o ameaçou com um ataque com mísseis durante um telefonema nas vésperas da invasão da Ucrânia, uma acusação negada por Moscou.
Johnson, falando à BBC para um documentário, disse que o líder russo lhe perguntou sobre as perspectivas de adesão da Ucrânia à aliança militar ocidental Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), ao que ele respondeu que não seria "num futuro próximo".
"Ele me ameaçou em certo momento, e disse: 'Boris, não quero te machucar, mas, com um míssil, levaria apenas um minuto' ou algo parecido. Jolly", disse Johnson, lembrando o telefonema "muito longo" e "mais extraordinária" em fevereiro de 2022 que se seguiu a uma visita do então primeiro-ministro a Kiev.
"Mas eu acho que pelo tom muito relaxado que ele estava adotando, o tipo de ar de desapego que ele parecia ter, ele estava apenas brincando com minhas tentativas de convencê-lo a negociar."
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse aos repórteres o que Johnson havia dito não era verdade, ou "mais precisamente, uma mentira".
As relações entre Moscou e Londres haviam afundado ao seu nível mais baixo em décadas, mesmo antes de a Rússia invadir a Ucrânia, por causa do envenenamento do ex-espião russo Sergei Skripal na cidade britânica de Salisbury, em 2018.
Johnson, que renunciou ao cargo em setembro, na esteira de uma série de escândalos, procurou posicionar Londres como o principal aliado da Ucrânia no Ocidente. Durante seu mandato, ele visitou Kiev várias vezes e teve com frequências telefonemas com o presidente da ucraniano, Volodymyr Zelenskiy.
(Reportagem de Kylie MacLellan)