Por Guy Faulconbridge e Elizabeth Piper
(Reuters) - O ex-prefeito de Londres Boris Johnson recebeu um estímulo na disputa para suceder a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, nesta segunda-feira, quando um de seus ex-adversários o apoiou e disse ser quase certo que ele vencerá a disputa.
O secretário da Saúde do Reino Unido, Matt Hancock, que saiu do páreo na sexta-feira depois de receber 20 votos na primeira votação dos parlamentares conservadores, disse que Johnson é o melhor candidato para liderar o partido.
"Boris faz uma campanha disciplinada e quase certamente será nosso próximo primeiro-ministro", disse Hancock em um artigo publicado no jornal The Times.
"Minha opinião é que precisamos começar a nos unir logo, e não mais tarde".
O Times disse que Hancock é um concorrente forte a próximo ministro das Finanças se Johnson vencer a disputa sucessória de May.
A crise causada pela saída britânica da União Europeia pode se aprofundar com um novo líder, já que Johnson, o garoto-propaganda da campanha oficial do referendo de 2016 a favor da desfiliação da UE, prometeu tirar o país do bloco com ou sem um acordo.
O Parlamento britânico indicou que tentará impedir um Brexit sem acordo – que poderia abalar os mercados e chocar a economia mundial, segundo alertas de investidores –, e a UE disse que não renegociará o Acordo de Retirada acertado com May.
Johnson, o mais bem cotado para substituir May, obteve o respaldo de 114 parlamentares conservadores na primeira rodada da votação. No total, 313 parlamentares votaram.
Seus rivais mais próximos foram o secretário das Relações Exteriores, Jeremy Hunt, que recebeu 43 votos, o ministro do Meio Ambiente, Michael Gove, com 37 votos e Dominic Raab, ex-ministro do Brexit, com 27 votos.
"Boris é o favorito", disse Gove à rádio BBC. "Mas precisamos fazer com que ele seja testado". Johnson vem se mantendo discreto durante a corrida e não participou de um debate de candidatos no domingo.
A segunda rodada da votação será na terça-feira, e o resultado deve sair perto das 17h locais. Qualquer candidato com 32 votos ou menos é eliminado. Se todos os candidatos tiverem mais de 32 votos, o que recebeu menos é eliminado.
Se Johnson conquistar o cargo mais importante do país e optar por um Brexit sem acordo, uma crise constitucional pode se avizinhar caso o Parlamento tente impedir tal ruptura.
Raab disse que o Legislativo poderia ser suspenso, se necessário, uma possibilidade que ele se recusou a descartar no debate de domingo.
Mas o presidente da Câmara dos Comuns, John Bercow, disse ser uma fantasia pensar que a câmara baixa do Parlamento pode ser posta de escanteio.
"É uma piada!", disse Bercow ao jornal francês Le Figaro.
(Reportagem adicional de Richard Lough em Paris)