Por Rodrigo Viga Gaier e Gabriel Araujo
RIO DE JANEIRO (Reuters) - Dois navios de guerra iranianos atracaram no Rio de Janeiro no domingo após permissão concedida pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apesar de pressão dos Estados Unidos para que isso não ocorresse.
Os navios de guerra IRIS Makran e IRIS Dena chegaram na manhã de domingo, informou a autoridade portuária do Rio em comunicado.
A Reuters noticiou no início deste mês que o Brasil havia cedido à pressão dos EUA e recusado o pedido do Irã para que os navios atracassem no Rio no final de janeiro, em um gesto de Lula antes de sua visita ao presidente dos EUA, Joe Biden, em Washington.
No entanto, com a viagem de Lula encerrada, os navios foram liberados para atracar. O vice-almirante Carlos Eduardo Horta Arentz, vice-chefe do Estado-Maior da Armada, autorizou a atracação dos navios no Rio entre 26 de fevereiro e 4 de março, segundo despacho do último dia 23 no Diário Oficial.
A Embaixada dos EUA em Brasília não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
A Marinha do Brasil concede liberação para embarcações estrangeiras atracarem no Brasil, mas somente após autorização do Itamaraty, que leva em consideração o pedido da embaixada solicitante e fatores logísticos.
A presença dos navios de guerra iranianos na costa brasileira continua incomodando os EUA, que têm buscado estreitar laços com o governo Lula.
Em uma coletiva de imprensa em 15 de fevereiro, a embaixadora dos EUA, Elizabeth Bagley, pediu ao Brasil que não permitisse que os navios atracassem.
"No passado, esses navios facilitaram o comércio ilegal e atividades terroristas, e também foram sancionados pelos EUA. O Brasil é uma nação soberana, mas acreditamos firmemente que esses navios não devem atracar em lugar nenhum", disse ela.
A diplomacia com o Irã foi um dos pontos altos da busca por Lula de fortalecer a posição internacional do Brasil em seus mandatos anteriores. Em 2010, ele viajou a Teerã para se reunir com o então presidente Mahmoud Ahmadinejad na tentativa de intermediar um acordo nuclear entre o Irã e os EUA.