Por Enrique Pretel e Elida Moreno
CIDADE DO PANAMÁ (Reuters) - A Cúpula das Américas abrirá um novo capítulo nas relações entre os países americanos quando os presidentes de Estados Unidos e Cuba se reunirem durante o encontro, deixando para trás as profundas divisões ideológicas que afetaram a região por décadas, disse nesta quarta-feira o presidente do Panamá, Juan Carlos Varela.
O encontro regional, que ocorre na capital panamenha entre sexta-feira e sábado, vai abrigar a primeira reunião entre o presidente dos EUA, Barack Obama, e o presidente cubano, Raúl Castro, desde que ambos anunciaram uma histórica reaproximação entre os dois países, em dezembro.
"Essa reunião será muito importante e positiva para o continente. Esperamos que nosso país anfitrião possa ser útil a esse encontro", disse Varela em uma entrevista concedida à Reuters em seu gabinete, no Palácio das Garças, sede do governo panamenho.
O líder centro-americano assegurou que a reunião entre os antigos inimigos ideológicos marcará um ponto de virada nas relações entres os países das Américas.
"Temos muita expectativa de que nessa cúpula nasça uma nova luz, uma nova época, uma esperança para os cidadãos do continente", disse Varela, um engenheiro industrial de 52 anos que estudou nos EUA.
Embora tenha crescido, nos últimos quatro meses, a expectativa de uma aproximação definitiva entre Washington e Havana, a tensão entre os EUA e a Venezuela se intensificou depois que a Casa Branca classificou o país sul-americano como uma ameaça de segurança.
"Na cúpula haverá espaços sociais e diplomáticos suficientes para que os chefes de Estado possam conviver e reduzir essa tensão", afirmou Varela, referindo-se à crescente animosidade entre o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e Obama, o que pode contagiar outros países da região.
Por outro lado, o presidente panamenho garantiu que espera manter o Panamá na trajetória de crescimento econômico, ao mesmo tempo em que deseja cumprir a meta de déficit de 2 por cento do Produto Interno Bruto em 2015, após o indicador ter encerrado o ano passado acima dos 4 por cento do PIB.
Em 2015, o "Panamá vai ter um crescimento de 6 por cento, (com) priorização do investimento público", afirmou o mandatário, que assumiu o cargo no ano passado.