Por Orhan Coskun e Dasha Afanasieva
ANCARA/ELBEYLI, Turquia (Reuters) - Aviões de guerra da Turquia bombardearam nesta sexta-feira bases do Estado Islâmico na Síria e a polícia deteve centenas de supostos militantes do grupo em toda a Turquia, em um sinal de que o governo turco pode abandonar a hesitação e assumir um papel na linha de frente contra os combatentes jihadistas.
A Turquia tem sido um parceiro relutante da coalizão liderada pelos Estados Unidos contra o Estado Islâmico, já que enfatiza a necessidade de derrubar o presidente sírio, Bashar al-Assad, e diz que as forças curdas sírias também representam uma grave ameaça à segurança.
Mas os ataques de caças a alvos do Estados Islâmico na Síria e as prisões durante a madrugada em 13 províncias turcas, que também tiveram como alvo militantes curdos, estão entre as operações mais firmes do governo do país durante o conflito sírio. Uma autoridade disse que as autoridades trocaram a estratégia passiva pela "defesa ativa".
A Turquia tomou as medidas horas depois de autoridades em Washington informarem que o governo em Ancara tinha concordado em deixar que jatos dos EUA lançassem ataques aéreos a partir de uma base perto da fronteira com a Síria, desistindo da recusa em permitir que aviões de guerra norte-americanos tripulados partissem de lá. A decisão foi tomada depois de uma conversa telefônica entre os presidentes Barack Obama e Tayyip Erdogan.
"Nós não podemos dizer que este é o início de uma campanha militar, mas certamente a política vai ser de mais envolvimento, mais ativa e engajada", disse um alto funcionário do governo turco à Reuters.
A Turquia tem enfrentado crescente insegurança ao longo de seus 900 quilômetros de fronteira com a Síria. Um tiroteio transfronteiriço na quinta-feira entre o Exército turco e o Estado Islâmico, que se apoderou de grandes áreas na Síria e no Iraque, deixou um militante e um soldado mortos.
Os ataques são provavelmente a primeira vez em que a Turquia afirma publicamente que bombardeou o Estado Islâmico na Síria, de acordo com Rami Abdulrahman, chefe do Observatório Sírio para os Direitos Humanos, grupo de monitoramento do conflito, com sede na Síria.
(Reportagem adicional de Ece Toksabay, em Ancara; Hümeyra Pamuk, Daren Butler e Ayla Jean Yackley, em Istambul; e Sylvia Westall, em Beirute)