(Reuters) - A comunidade judaica da região majoritariamente muçulmana do Daguestão, foco da atenção internacional desde um ataque a passageiros que vinham de Israel num momento de instenficação do conflito palestino-israelense em Gaza, tem suas origens no século 7.
A comunidade, reduzida pela emigração a cerca de 300-400 famílias de um pico populacional de mais de 10.000 pessoas em meados do século passado, está baseada na cidade ainda mais antiga de Derbent, na costa ocidental do Mar Cáspio, em uma antiga rota comercial norte-sul que contorna as montanhas do Cáucaso.
O Daguestão tornou-se parte do império russo em 1813, quando as forças czaristas o separaram da Pérsia.
Conhecidos localmente como "judeus da montanha", eles falam um dialeto do farsi ou idioma persa falado no Irã, ao sul.
Esse fato levou as autoridades soviéticas a designar sua "nacionalidade" -- ou etnia -- nos passaportes como "Tat", um termo abrangente para os povos de língua persa que viviam em muitas partes das encostas norte do Cáucaso.
Derbent, uma cidade de 120.000 habitantes, é seu centro religioso e cultural, mas tem apenas uma sinagoga.
Alguns estudiosos acreditam que os primeiros judeus da montanha, assim como os membros de muitas outras comunidades judaicas, começaram a emigrar já no século 19 para uma possível pátria na Palestina então governada pelos otomanos.
Desde a flexibilização das restrições à emigração nos últimos anos da União Soviética, a maior parte dos judeus do Daguestão emigrou para Israel.
O rabino Ovadia Isakov, o mais conhecido rabino contemporâneo judeu da montanha, disse à mídia russa que 300 a 400 famílias permaneceram em Derbent.
Isakov foi baleado no peito em 2013 quando saiu de seu carro para entrar em sua casa. Após um longo tratamento e reabilitação em Israel, ele retornou à Rússia.
(Reportagem de Filipp Lebedev)