Por Michael Martina
PEQUIM (Reuters) - A Califórnia anunciou que irá cooperar com a China em tecnologia limpa, comércio de carbono e outras iniciativas "positivas para o clima" na tentativa de preencher o vácuo criado pela decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de retirar o país do acordo do clima de Paris na semana passada.
O governo da Califórnia e o Ministério de Ciência e Tecnologia chinês irão trabalhar juntos para desenvolver e comercializar know-how na captura e armazenamento de carbono, energia limpa e tecnologia da informação para conter os gases de efeito estufa, de acordo com um comunicado desta terça-feira.
O anúncio de Trump sobre a retirada do acordo global de 2015 contra a mudança climática foi classificado como "insano" pelo governador da Califórnia, Jerry Brown, que está visitando a China nesta semana.
A decisão foi vista como uma oportunidade para a China assumir a iniciativa política e diplomática, já que o país continua a prometer seu apoio incondicional ao acordo.
A omissão da liderança dos EUA foi "só temporário", disse Brown a repórteres nos bastidores de um fórum de energia limpa em Pequim nesta terça-feira, acrescentando que será necessário que a ciência e o mercado a superem.
O secretário de Energia norte-americano, Rick Perry, que estava na mesma conferência, não quis responder perguntas dos repórteres. Em um discurso anterior, Brown havia criticado aqueles que ainda "resistem à realidade".
"O mundo não está fazendo o suficiente", afirmou. "Estamos a caminho de um futuro muito negativo e desastroso, a menos que aceleremos o andamento da mudança".
Mais tarde Brown se encontrou com o presidente chinês, Xi Jinping, que incentivou a Califórnia a "desempenhar um papel maior na promoção de interações e cooperação entre a China e os Estados Unidos", relatou a agência de notícias estatal chinesa Xinhua.
Os compromissos assumidos por Pequim e Washington antes das conversas de Paris ajudaram a criar o ímpeto para garantir um acordo global, e incluíram uma promessa chinesa de criar uma bolsa de comércio de emissões de alcance nacional ainda neste ano.
Na semana passada Brown disse à Reuters que iria propor uma ligação das plataformas de comércio de carbono da China com as da Califórnia, as maiores dos EUA.
Mas a prioridade chinesa é se concentrar em seu próprio mercado de carbono, "que é grande o suficiente e complexo o suficiente", disse Ma Aimin, do Centro Nacional para a Estratégia de Mudança Climática e Cooperação Internacional, no mesmo fórum.
(Reportagem adicional de Muyu Xu, Jake Spring e Chen Aizhu)