Por Lin Taylor
LONDRES (Thomson Reuters Foundation) - O calor crescente provocado pela mudança climática pode levar à perda de 80 milhões de empregos até 2030, e os países pobres seriam os mais atingidos, alertou a Organização das Nações Unidas (ONU) nesta segunda-feira, o que coincide com recordes de temperaturas altas na Europa.
Um aumento de temperatura de 1,5 grau Celsius até o final do século poderia levar a uma queda de 2,2% nas horas de trabalho --o equivalente a 80 milhões de empregos de período integral-- e custar 2,4 trilhões de dólares à economia global, de acordo com projeções da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
A OIT disse que as pessoas serão incapazes de trabalhar devido aos riscos de saúde causados pelas temperaturas mais elevadas.
"O impacto do estresse do calor na produtividade laboral é uma consequência séria da mudança climática, o que se soma a outros impactos adversos, como padrões de chuva em mutação, elevação do nível dos mares e perda de biodiversidade", disse Catherine Saget, da OIT.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse que é provável que o estresse do calor ligado à mudança climática causará 38 mil mortes adicionais por ano em todo o mundo entre 2030 e 2050.
O estresse do calor ocorre quando o corpo absorve mais calor do que é tolerável. O calor extremo pode causar doenças relacionadas ao calor, como insolação e exaustão, aumentar a mortalidade e exacerbar problemas de saúde preexistentes.
Trabalhadores do agronegócio --especialmente as mulheres, que compõem a maior parte dos 940 milhões de empregados do setor-- serão os mais afetados, disse a OIT, representando cerca de 60% de todas as horas de trabalho devido ao estresse do calor até 2030.
Se as temperaturas globais subirem como previsto, a indústria da construção sofrerá cerca de 19% das horas de trabalho perdidas, e os países mais pobres do sudeste da Ásia e da África serão os mais afetados, acrescentou a OIT.
Os setores de transporte, turismo, esporte e industrial estão entre os que também serão afetados pelo calor crescente, disse a entidade.
As temperaturas já subiram cerca de 10 graus Celsius desde os tempos pré-industriais. Cientistas dizem que novas elevações ameaçam desencadear pontos de inflexão que poderiam tornar partes do mundo inabitáveis, devastar a agricultura e alagar cidades litorâneas.