Por Richard Cowan e David Morgan
WASHINGTON (Reuters) - A Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, controlada pelos democratas, aprovou na quarta-feira o envio de duas acusações formais contra o presidente Donald Trump ao Senado, abrindo caminho para que o terceiro julgamento de impeachment de um presidente dos EUA comece na próxima semana.
Ao todo 228 deputados votaram a favor do envio das acusações para dar ao Senado, controlado pelos correligionários republicanos de Trump, a tarefa de julgá-lo por abuso de poder por pedir à Ucrânia que investigasse o rival político Joe Biden e por obstrução do Congresso por bloquear o testemunho e os documentos solicitados por parlamentares democratas. Votaram contra o envio das acusações 193 deputados.
A votação, que também aprovou uma equipe de sete parlamentares democratas nomeados pela presidente da Câmara, Nancy Pelosi, para atuar como promotores no julgamento, ocorreu em grande parte en linha com as posições partidárias.
Espera-se que o Senado, com 100 cadeiras, absolva Trump, mantendo-o no cargo, já que nenhum dos 53 senadores republicanos expressou apoio à sua remoção, um passo que, segundo a Constituição dos EUA, exigiria uma maioria de dois terços.
Mas o impeachment de Trump pela Câmara no mês passado permanecerá como uma mancha em seu histórico e o julgamento televisionado no Senado pode ser desconfortável para ele, quando busca a reeleição no pleito de novembro, com Biden como principal nome à candidatura democrata.
"Estamos aqui hoje para cruzar um limiar muito importante na história americana", disse Pelosi no plenário da Câmara antes da votação.
O presidente do Comitê de Inteligência da Câmara, Adam Schiff, um adversário de Trump que atuou como promotor federal em Los Angeles por seis anos, foi selecionado para chefiar a equipe de promotores da Câmara. A Casa Branca ainda não revelou sua equipe de defesa. O julgamento será supervisionado pelo presidente da Suprema Corte, John Robert.
Durante uma cerimônia de assinatura na Casa Branca para um acordo comercial na China, Trump disparou contra o impeachment, que chamou de embuste.
A porta-voz da Casa Branca Stephanie Grisham disse que "o presidente Trump não fez nada de errado".
"Ele espera ter direito no Senado ao devido processo legal, que a presidente da Câmara Pelosi e os democratas na Câmara negaram, e espera ser completamente inocentado", acrescentou.