Por Patricia Zengerle e Richard Cowan
WASHINGTON (Reuters) - Mesmo estando profundamente dividida, a Câmara dos Deputados dos Estados Unidos deu um passo importante em relação ao impeachment do presidente Donald Trump nesta quinta-feira, quando parlamentares aprovaram regras para a próxima fase, inclusive audiências públicas, do inquérito liderado pelos democratas a respeito da tentativa de Trump de fazer a Ucrânia investigar um rival político.
No primeiro teste formal do apoio ao inquérito de impeachment, a Câmara de maioria democrata votou de forma quase inteiramente partidária --232 a 196-- para fazer a investigação avançar no Congresso, o que pode prejudicar Trump antes da eleição presidencial de 2020.
A votação demonstrou união entre os democratas que acusam Trump de abusar do cargo e ameaçar a segurança nacional, mas não recebeu nem um único voto republicano.
"É um dia triste. Ninguém vem ao Congresso para afastar o presidente", disse a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, antes da votação.
Republicanos acusam os democratas de usarem o impeachment para reverter os resultados da eleição de 2016, e a Casa Branca disse que os opositores têm uma "obsessão desenfreada" pelo impeachment.
"A Maior Caça às Bruxas da História Americana!", tuitou Trump nesta quinta-feira.
O inquérito se concentra em um pedido de Trump para que seu colega ucraniano, Volodymr Zelenskiy, investigasse Joe Biden, ex-vice-presidente e adversário democrata de Trump, e seu filho, Hunter, que foi diretor da empresa de energia ucraniana Burisma.
Biden é um dos principais postulantes à indicação democrata para enfrentar Trump na eleição presidencial de novembro de 2020.
Trump nega qualquer irregularidade. A maioria dos republicanos está ao seu lado e refuta o inquérito, que rotula como um exercício partidário em que têm pouca voz.
"Estas são regras de estilo soviético", disse o deputado Steve Scalise, o segundo republicano mais graduado da Câmara, parado perto de um pôster que retratava os famosos domos em forma de cebola da Catedral de São Basílio em Moscou.
Só dois democratas --Collin Peterson, do Minnesota, e Jeff Van Drew, de Nova Jersey-- votaram contra a medida.
Se a Câmara acabar votando a favor do impeachment de Trump, desencadeará um julgamento no Senado, que é controlado pelos republicanos. Trump só perderia o cargo se dois terços dos senadores o condenassem --algo que parece improvável, já que os congressistas republicanos vêm mostrando relutância para se voltarem contra o presidente.
(Reportagem adicional de Doina Chiacu)