Por Steve Scherer
OTTAWA (Reuters) - Caminhões entraram na capital do Canadá, Ottawa, neste sábado para organizar o que a polícia diz ser um protesto maciço contra a aprovação da obrigatoriedade da vacina contra a Covid-19 criado pelo primeiro-ministro Justin Trudeau.
O chamado "Comboio da Liberdade", vindo do leste e do oeste, começou como uma manifestação contra a obrigatoriedade da vacina para caminhoneiros que cruzam as fronteiras do país, mas se transformou em uma manifestação contra as medidas do governo a favor da vacina, consideradas exageradas por parte da população contrária à imunização.
"Não se trata apenas das vacinas. Trata-se de interromper completamente as obrigatoriedades de saúde pública", disse Daniel Bazinet, proprietário da Valley Flatbed & Transportation em Nova Escócia, na costa atlântica. Bazinet não é vacinado, mas opera internamente e, portanto, não é afetado pelo mandato transfronteiriço.
Ele é um dos membros de um comboio de cerca de 200 caminhões que chegam lentamente do leste e diz que as políticas de saúde pública promovidas pelo governo de Trudeau foram longe demais.
"Onde tudo isso vai parar? É assim que muitas pessoas se sentem", disse ele em entrevista por telefone.
Dezenas de caminhões já estavam alinhados em frente ao parlamento na manhã de sábado, tocando suas buzinas, enquanto milhares de pessoas se reuniam pacificamente no gramado coberto de neve do parlamento.
Poucos usavam máscaras, mas muitos estavam de balaclavas, pois a temperatura com o vento frio era de -21 graus Celsius. Até o final do dia, são esperados cerca de 2.700 caminhões, disse uma fonte do governo federal.
A retórica violenta usada por alguns dos promotores da manifestação nas redes sociais no período que antecedeu o protesto preocupou a polícia, que colocou as tropas na rua.
"Estamos preparados da melhor maneira possível para aqueles que escolheram vir aqui para causar danos ou causar danos a outros", disse o chefe de polícia de Ottawa, Peter Sloly, na sexta-feira, acrescentando que a manifestação seria "em grande escala".
Trudeau e sua família deixaram a casa onde moram no centro de Ottawa devido a questões de segurança, informou a CBC. Seu escritório disse que não comenta questões de segurança.
Na sexta-feira, Trudeau disse à imprensa canadense que estava preocupado com possível violência relacionada à manifestação. No início desta semana, ele disse que o comboio representava uma "pequena minoria marginal" que não representa as opiniões dos canadenses.
Cerca de 90% dos caminhoneiros transfronteiriços do Canadá e 77% da população do país estão totalmente imunizados.
Trudeau anunciou a obrigatoriedade da vacina para trabalhadores federais em outubro, na véspera da eleição e, no mês passado, Canadá e Estados Unidos impuseram a mesma determinação para caminhoneiros transfronteiriços.
A líder conservadora Erin O'Toole se opõe aos mandatos de vacinas e expressou support for the protest depois de conversar com alguns dos caminhoneiros na sexta-feira.
"Eu apoio o direito deles de serem ouvidos e peço a Justin Trudeau que se encontre com esses canadenses trabalhadores para ouvir suas preocupações", disse O'Toole após a reunião. "Por favor, proteste com segurança neste fim de semana."
O membro conservador do parlamento Michael Cooper estava distribuindo café aos manifestantes no sábado.
A Canadian Trucking Alliance, que representa cerca de 4.500 transportadores, proprietários-operadores e fornecedores do setor, se opõe à manifestação e disse que "não é assim que o desacordo com as políticas do governo deve ser expresso".
(Reportagem de Lisandra Paraguassu)