Por Elizabeth Culliford
SAN FRANCISCO (Reuters) - Na semana passada, a blogueira de alimentação e viagens Alycia Chrosniak recebeu um alerta incomum no celular: a equipe de campanha presidencial de Michael Bloomberg estava lhe oferecendo 150 dólares para criar conteúdos sobre a razão de ela apoiar o pré-candidato democrata bilionário na eleição dos Estados Unidos.
"É estranho publicar um anúncio divulgando uma pessoa, ao invés de um produto", disse Chrosniak, que reside em Connecticut e normalmente cria conteúdos patrocinados para franquias de restaurantes ou hotéis. Ela disse que Bloomberg não é sua "primeira escolha" e que não aceitou a oferta.
A tática de pagar microinfluenciadores --pessoas com poucos milhares de seguidores fiéis em redes sociais-- para disseminar mensagens políticas ou criar conteúdos está ganhando ímpeto antes da disputa de 2020, mas alguns representantes do setor ainda se mostram desconfiados.
Várias agências que conectam influenciadores a marcas disseram à Reuters que foram abordadas por equipes eleitorais, embora não tenham identificado políticos ou organizações nominalmente.
Para as eleições de meio de mandato de 2018, o Comitê de Campanha Parlamentar Democrata pagou influenciadores para espalharem mensagens de incentivo ao voto --que não é obrigatório no país.
O comitê de ação política progressista NextGen America já recrutou centenas de microinfluenciadores do Instagram para incentivar eleitores jovens menos inclinados a ir às urnas a fazê-lo neste ano, e a Piedmont Rising, instituição de saúde sem fins lucrativos da Carolina do Norte, está pagando influenciadores locais para que compartilhem suas histórias antes da eleição do Senado.
O grupo estudantil conservador Turning Point USA também formou uma rede de mais de 100 "embaixadores" de redes sociais não remunerados que convidam para eventos e presenteiam com itens promocionais.
A postagem da campanha de Bloomberg sobre o influenciador Tribe, noticiada pela primeira vez pelo Daily Beast, procurava conteúdo sobre moradores dos EUA que apoiam o ex-prefeito de Nova York. A equipe eleitoral de Bloomberg não respondeu aos pedidos de comentário da Reuters.
Grupos políticos e marqueteiros dizem que a ideia é que os eleitores têm uma ligação de confiança maior com microinfluenciadores do que com celebridades. Eles também podem alcançar comunidades específicas por local ou nicho.
"Eles confiam naquela mãe blogueira que é ativa na comunidade local", explicou Matt Anthes, vice-presidente da empresa de comunicações digitais Hatcher Group.