Por Andrew Osborn e Mark Trevelyan
(Reuters) - O candidato antiguerra russo Boris Nadezhdin disse nesta quarta-feira que havia enviado 105.000 assinaturas de apoio à Comissão Eleitoral Central (CEC), tecnicamente o suficiente para desafiar o atual presidente Vladimir Putin na eleição presidencial de março.
A vitória de Putin é amplamente vista como certa, mas Nadezhdin surpreendeu alguns observadores com críticas contundentes ao que o Kremlin chama de "operação militar especial" na Ucrânia, algo que ele diz que acabaria.
Os críticos do Kremlin afirmam que Nadezhdin não teria tido permissão para chegar tão longe em um sistema político tão rigidamente controlado sem a bênção das autoridades, algo que ele nega.
Ainda assim, suas declarações sobre a guerra da Rússia na Ucrânia alimentaram a especulação de que ele cruzou uma linha vermelha tácita e será impedido de concorrer por uma questão técnica ou forçado a desistir.
As autoridades eleitorais agora verificarão a autenticidade das assinaturas apresentadas por Nadezhdin e outros possíveis candidatos e anunciarão no próximo mês quem se juntará a Putin na cédula de votação.
No passado, a CEC apontou o que, segundo ela, eram irregularidades nas assinaturas coletadas por alguns candidatos e, como resultado, os desqualificou.
Em uma declaração publicada em sua conta oficial do Telegram, Nadezhdin agradeceu aos seus apoiadores.
"Este é o meu orgulho", disse ele referindo-se às assinaturas coletadas.
"O trabalho de milhares de pessoas que ficaram sem dormir por muitos dias. O resultado das filas em que vocês ficaram, no frio, está nas caixas."
Como candidato indicado por um partido político, Nadezhdin precisava reunir 100.000 assinaturas em pelo menos 40 regiões para concorrer às eleições de 15 a 17 de março.
Putin, que optou por concorrer como independente e não como candidato do partido governista Rússia Unida, precisa de 300.000 assinaturas. Ele já coletou mais de 3,5 milhões, de acordo com seus apoiadores.
(Reportagem da Reuters)