Por Maher Chmaytelli
BAGDÁ (Reuters) - Caso o líder do Estado Islâmico, Abu Bakr al-Baghdadi, tenha sua morte confirmada, ele deve ser sucedido por um de seus dois principais auxiliares, ambos ex-autoridades militares iraquianas sob o falecido ditador Saddam Hussein.
Especialistas sobre grupos islâmicos não veem sucessor claro, mas consideram Iyad al-Obaidi e Ayad al-Jumaili os principais concorrentes, embora nenhum deva assumir o título usado por Baghdadi de “califa”, ou comandante-geral dos muçulmanos.
O Ministério da Defesa da Rússia informou na semana passada que Baghdadi pode ter sido morto em um ataque aéreo na Síria e a agência de notícias Interfax relatou que um parlamentar sênior russo disse na sexta-feira que a possibilidade dele ter sido morto é próxima a 100 por cento.
Mas grupos armados lutando na região e muitas autoridades regionais estão céticas sobre os relatos.
“Não temos nenhuma evidência concreta sobre ele estar ou não morto”, disse o coronel do Exército dos Estados Unidos Ryan Dillon, porta-voz da coalizão internacional que luta contra o Estado Islâmico, durante encontro no Pentágono.
Obaidi, que está na faixa dos 50 anos, tem exercido a função de ministro da Guerra. Jumaili, na faixa dos 40 anos, é chefe da agência de segurança do grupo, Amniya. Em abril, a TV estatal iraquiana informou que Jumaili havia sido morto, mas isto não foi confirmado.
Ambos se juntaram à insurgência sunita salafista no Iraque em 2003, após a invasão liderada pelos Estados Unidos.
Eles tem sido os principais assessores de Baghdadi desde que ataques aéreos em 2016 mataram seu então vice Abu Ali al-Anbari, seu ministro da Guerra checheno Abu Omar al-Shishani e seu propagandista-chefe sírio Abu Mohammad al-Adnani.
“Jumaili reconhece Obaidi como seu superior, mas não há sucessor claro e, dependendo das condições, pode ser qualquer um dos dois (a suceder Baghdadi)”, disse Hisham al-Hashimi, que aconselha diversos governos do Oriente Médio sobre questões relacionadas ao Estado Islâmico.
Baghdadi se deu o título de califa --chefe civil muçulmano e soberano religioso, considerado o sucessor do profeta Maomé-- em 2014. Obaidi ou Jumaili não devem se tornar califas porque eles não possuem posição religiosa e o Estado Islâmico perdeu grande parte de seu território.