Por Andrew Mills e Nidal al-Mughrabi
DOHA/GAZA (Reuters) - Mediadores do Catar realizaram chamadas urgentes para tentar negociar a libertação de mulheres e crianças israelenses capturadas por grupo militante e mantidas em Gaza em troca da libertação de 36 mulheres e crianças palestinas das prisões israelenses, disse à Reuters uma fonte informada sobre as conversas.
O Ministério das Relações Exteriores do Catar confirmou à Reuters seu envolvimento em negociações de mediação com o Hamas e autoridades israelenses, inclusive sobre uma possível troca de prisioneiros.
As negociações em andamento, que o Catar tem conduzido em coordenação com os Estados Unidos desde a noite de sábado, estão "avançando positivamente", disse a fonte, que foi informada sobre elas.
"Estamos em contato constante com todos os lados no momento. Nossas prioridades são acabar com o derramamento de sangue, libertar os prisioneiros e garantir que o conflito seja contido sem nenhuma propagação regional", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Majed Al-Ansari, à Reuters, sem entrar em detalhes.
Quando solicitado a responder à reportagem da Reuters, uma autoridade israelense afirmou à Reuters apenas: "Não há negociações em andamento".
Mas não há sinais de avanços. O Catar tem entrado em contato com autoridades do Hamas em Doha e Gaza, disse a fonte, depois que o grupo islâmico atacou Israel a partir de Gaza no sábado, invadindo cidades, matando mais de 700 israelenses e fugindo com dezenas de reféns.
O número exato de mulheres e crianças israelenses reféns que o Hamas está oferecendo na possível troca de 36 mulheres e crianças palestinas prisioneiras identificadas pelo grupo islâmico não está claro, segundo a fonte.
Detalhes sobre as negociações com foco na libertação de 36 palestinos das prisões israelenses não foram relatados anteriormente.
O número de reféns israelenses mantidos em Gaza também não está claro, mas acredita-se que o Hamas tenha capturado mulheres, crianças, idosos e soldados no sábado.
Uma autoridade palestina, familiarizada com os esforços de mediação entre o Hamas e Israel no passado, disse à Reuters que o Catar e o Egito têm mantido contato com o grupo, mas a intensidade dos combates obscureceu qualquer possível avanço.
Em Gaza, controlada pelo Hamas, Israel realizou seus ataques de retaliação mais intensos de todos os tempos, matando mais de 500 pessoas desde sábado. O ministro da Defesa, Yoav Gallant, disse que o bloqueio israelense seria reforçado para evitar que alimentos e combustível fossem levados para a faixa, onde vivem 2,3 milhões de pessoas.
O Egito tem mantido contato próximo com Israel e o Hamas para tentar evitar uma nova escalada nos combates entre eles e para garantir a proteção dos reféns israelenses, disseram duas fontes de segurança egípcias.
O Egito pediu a Israel que usasse de moderação e ao Hamas que mantivesse seus prisioneiros em boas condições para manter aberta a possibilidade de uma redução da escalada em breve, embora os ataques israelenses na Faixa de Gaza tenham dificultado a mediação, disseram as fontes egípcias, falando sob condição de anonimato.
Questionado sobre a coordenação de Washington com o Catar numa potencial troca, o Departamento de Estado dos EUA referiu-se a um telefonema no sábado entre o secretário de Estado Antony Blinken e o primeiro-ministro do Catar, no qual os dois concordaram em “permanecer estreitamente coordenados”.
Não houve resposta aos pedidos de comentários enviados ao Hamas. O gabinete do primeiro-ministro de Israel disse que não queria comentar.
O Catar, uma potência energética e de investimentos pequena, mas rica, que possui metas ambiciosas de política externa, tem uma linha direta de comunicação com o Hamas. Os enviados do Catar já ajudaram a mediar tréguas entre o grupo islâmico e Israel.
Doha esteve recentemente sob os holofotes da diplomacia global, depois de sediar mais de um ano de conversações entre os Estados Unidos e o Irã, o que levou a uma troca de prisioneiros e liberação de recursos.
(Por Andrew Mills em Doha e Nidal al-Mughrabi em Gaza, com reportagem adicional de James Mackenzie e Dan Williams em Jerusalém, Alexander Cornwell em Dubai e Ahmed Mohamed Hassan no Cairo)