SANTIAGO (Reuters) - Centenas de católicos se reuniram neste sábado em uma igreja na pequena cidade chilena de Osorno para protestar contra a nomeação do bispo Juan Barros, acusado de proteger um dos pedófilos mais conhecidos do país.
A nomeação provocou a ira de muitos paroquianos e questionou a promessa do papa Francisco de acabar com o abuso sexual na igreja.
Os críticos dizem que Barros tinha consciência e ajudou a encobrir abusos do padre Fernando Karadima, cujo caso é o mais polêmico entra as várias acusações de pedofilia dentro da Igreja Católica no Chile.
Em 2011, Karadima foi considerado culpado pelo Vaticano de abusar de meninos adolescentes por muitos anos. Liberado de acusações criminais após a investigação contra ele ter naufragado por questões técnicas, a igreja o castigou com a proibição de celebrar missas públicas.
Karadima foi mentor de muitos jovens sacerdotes, incluindo Barros.
Juan Carlos Cruz, vítima de Karadima que agora vive nos Estados Unidos, disse que Barros fazia o "trabalho sujo" do sacerdote pedófilo, destruindo cartas de vítimas detalhando o abuso, e que o bispo recém-nomeado estava presente quando os abusos ocorreram.
"Isso contradiz exatamente tudo o que disse o papa", afirmou Cruz à Reuters.
Muitos chilenos católicos repudiaram a nomeação planejada.
O padre Alex Vigueras, superior provincial da Congregação do Sagrado Coração de Jesus e Maria no Chile, disse esta semana que a nomeação o deixou "atordoado".
Cerca de 30 padres e diáconos na área de Osorno escreveram uma carta no mês passado ao núncio papal exigindo a renúncia de Barros, e alguns políticos também questionaram a nomeação.
Barros tem procurado se distanciar de Karadima e nega ter conhecimento dos abusos.
(Por Anthony Esposito)