Por Brian Ellsworth e Anggy Polanco
SAN ANTONIO, Venezuela (Reuters) - Agachado em uma calçada próxima à fronteira da Venezuela com a Colômbia, o trabalhador de construção civil Deiver Guarate disse que as eleições presidenciais deste domingo já haviam sido decididas a favor do presidente Nicolás Maduro, e que ele não planejava estar por perto para acompanhar os resultados.
Sem conseguir cobrir seus custos básicos em meio à hiperinflação, Guarate imigrava para a Colômbia e precisaria passar a noite na rua enquanto esperava as sobrecarregadas autoridades alfandegárias da Venezuela carimbarem seu passaporte.
"As pessoas não votam mais pois sabem que é tudo fraudado. Se tivéssemos alguma esperança de que isso mudaria, não estaríamos migrando", disse Guarate, de 35 anos, junto às suas malas em uma rua onde centenas de pessoas têm dormido nessa semana.
"A situação na Venezuela é crítica", disse Guarate, cuja avó faleceu no ano passado por problemas renais por que a família não conseguia obter remédios devido a escassez de medicamentos.
A oposição venezuelana pediu aos seus apoiadores que se abstenham de votar no domingo devido a preocupações com fraude, mas dezenas de milhares de migrantes estão tão céticos em relação ao pleito que preferem deixar o país.
Eles estão inundando cidades de fronteira como San Antonio, onde ansiosamente se empurram pelas ruas lotadas de vendedores informais sob o sol escaldante para escapar de um país onde o salário mínimo mensal pode apenas, no melhor cenário, comprar alguns quilos de arroz.
O rival de Maduro nas eleições, Henri Falcón, que está quebrando o boicote para enfrentar seu rival, insiste que um comparecimento em massa de venezuelanos descontentes poderia trazer mudanças.
Muitos na oposição, entretanto, acreditam que Falcón está legitimando um processo corrompido, condenado por governos mundiais, entre eles os Estados Unidos e os vizinhos latino-americanos.
Maduro, que insiste que suas eleições são livres e justas, alertou os migrantes sobre as circunstâncias difíceis no exterior, dizendo que alguns estão agora "limpando banheiros".
Ele diz que a situação venezuelana foi causada por uma "guerra econômica" liderada por adversários apoiados pelos Estados Unidos.
O Ministério da Informação não respondeu aos pedidos para comentários.