KIEV (Reuters) - O principal diplomata da Ucrânia visitou a Libéria nesta quarta-feira na terceira viagem de autoridades ucranianas à África durante a guerra em seu país, enquanto a Rússia se prepara para sediar uma cúpula com líderes do continente nesta semana após o fim do acordo de grãos do Mar Negro.
A viagem do ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, à Libéria, a primeira visita ao país na história da diplomacia ucraniana, de acordo com o Ministério das Relações Exteriores, ocorre em meio a um esforço conjunto de Kiev para desafiar a influência russa na África e no "Sul Global".
Kuleba terá conversas com líderes liberianos para discutir a "garantia da exportação de grãos ucranianos para a África", bem como a visão de paz na Ucrânia estabelecida pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, disse o ministério.
"No contexto da chantagem alimentar da Rússia, a Ucrânia está maximizando sua consolidação do apoio dos países africanos para continuar exportando grãos ucranianos pelo Mar Negro", disse o porta-voz do ministério, Oleg Nikolenko, nesta semana.
A Rússia, que assim como a Ucrânia é um grande exportador de grãos, retirou-se na semana passada do acordo de um ano que permitia à Ucrânia exportar grãos com segurança através do Mar Negro durante a guerra, elevando os preços dos alimentos.
Desde então, os ataques aéreos russos atingiram a infraestrutura de grãos na região de exportadora de Odessa, inclusive ao longo do rio Danúbio, um corredor de exportação alternativo vital.
Kiev diz que Moscou busca destruir seu setor de grãos para se estabelecer como um fornecedor exclusivo. Afirma ainda que a Rússia está exercendo pressão para tentar obter a retomada das exportações russas de amônia e a retirada de algumas sanções e restrições.
A cidade russa de São Petersburgo sediará uma cúpula Rússia-África na quinta e sexta-feira, e o Kremlin disse que 17 chefes de Estado africanos falarão no evento.