Por Thomas Escritt
BERLIM (Reuters) - Prestes a deixar o cargo, o chefe da inteligência nacional da Alemanha foi demitido nesta segunda-feira devido a um discurso feito a portas fechadas no qual chamou algumas políticas do governo de "ingênuas e esquerdistas", e insinuou que pode estar cogitando entrar para a política.
Os comentários de Hans-Georg Maassen, relatados primeiramente pelo jornal Sueddeutsche Zeitung, ameaçam ressuscitar uma crise de alta voltagem causada pela suposta simpatia dele pela extrema-direita que a coalizão governista da chanceler Angela Merkel apaziguou recentemente.
"Pedi ao presidente para aposentar precocemente o chefe do serviço de segurança nacional", disse o ministro do Interior, Horst Seehofer, a repórteres, acrescentando que o discurso de Maassen "tornou um relacionamento confiável" impossível.
Seehofer salvou Maassen da demissão em setembro, quando o chefe da espionagem doméstica questionou a autenticidade de vídeos de nacionalistas de extrema-direita vistos perseguindo imigrantes em Chemnitz, cidade do leste alemão.
Mas em um discurso a portas fechadas a outros chefes de espionagem europeus, Maassen comparou os vídeos à propaganda russa e se retratou como uma vítima de uma caça às bruxas de "forças da esquerda radical" do Partido Social-Democrata (SPD), sigla minoritária da coalizão de governo.
"Sou visto na Alemanha como um crítico da política externa e de segurança idealista, ingênua e esquerdista. Consigo imaginar uma vida fora do serviço público, por exemplo na política ou nos negócios", disse Maasen em seu discurso.