Por Yimou Lee e Ben Blanchard
TAIPÉ (Reuters) - A China não tem o direito de representar Taiwan, mas a ilha está disposta a trabalhar com Pequim para combater desafios como as mudanças climáticas, disse o presidente taiuanês, Lai Ching-te, nesta quinta-feira, adotando um tom tanto firme quanto conciliatório, o que provocou a ira da China.
Lai, que assumiu o cargo em maio após ser eleito em janeiro, é detestado pela China, que o chama de "separatista". Pequim reivindica Taiwan como seu próprio território, o que Lai e seu governo rejeitam.
Ao fazer um discurso do lado de fora do gabinete presidencial em Taipé, Lai reiterou que a República da China - o nome formal da ilha - e a República Popular da China "não estão subordinadas uma à outra."
"Nesta terra, a democracia e a liberdade estão crescendo e prosperando. A República Popular da China não tem o direito de representar Taiwan", disse.
A determinação de Taiwan em defender sua soberania, manter a paz no Estreito de Taiwan e buscar um diálogo digno com a China permanecem inalteradas, acrescentou Lai.
"Eu também manterei o compromisso de resistir à anexação ou invasão de nossa soberania", disse Lai.
Mas ele também fez uma oferta de cooperação com a China.
"Estamos dispostos a trabalhar com a China para lidar com as mudanças climáticas, combater doenças infecciosas e manter a segurança regional para buscar a paz e a prosperidade mútua para o bem-estar das pessoas dos dois lados do Estreito de Taiwan."
O Gabinete de Assuntos de Taiwan da China disse que Lai é um adepto obstinado da independência de Taiwan, cheio de pensamentos de confronto, "constantemente provocando problemas e deliberadamente agravando as tensões entre os dois lados do Estreito de Taiwan."
"Lai Ching-te fez todos os esforços para reunir as bases para a secessão", disse o órgão, em um comunicado. "Suas provocações independentistas são a causa principal da contínua perturbação da paz e da estabilidade no Estreito de Taiwan e trarão desastres para o povo de Taiwan."
Lai acrescentou que espera que a China possa corresponder às expectativas da comunidade internacional e aplicar sua influência e trabalhar com outros países para acabar com a invasão da Ucrânia pela Rússia e os conflitos no Oriente Médio.
"E esperamos que ela assuma suas responsabilidades internacionais e, junto de Taiwan, contribua para a paz, a segurança e a prosperidade da região e do mundo", disse.