Por Clare Jim e James Pomfret
HONG KONG (Reuters) - A China reiterou seu apoio à líder de Hong Kong, Carrie Lam, nesta segunda-feira depois de dias de protestos na cidade contra um projeto de lei de extradição, e uma fonte próxima de Lam disse que Pequim dificilmente a abandonará, mesmo que ela tente renunciar.
As tentativas de Lam de aprovar um projeto de lei que permitiria que moradores de Hong Kong fossem extraditados à China para serem julgados desencadearam os maiores e mais violentos protestos na ex-colônia britânica em décadas.
No início da segunda semana da crise política, manifestantes e políticos de oposição enfrentaram uma chuva intermitente para se reunirem perto dos escritórios do governo e pedir que o projeto de lei seja descartado e que ela renuncie.
Os protestos ocorrem em um momento delicado para o presidente chinês, Xi Jinping, que lida com uma guerra comercial crescente com os Estados Unidos, o enfraquecimento da economia e uma tensão estratégica regional.
Hong Kong vem sendo governada mediante a fórmula "um país, dois sistemas" desde sua devolução a Pequim em 1997, o que inclui garantias de liberdades inexistentes na China continental, como um Judiciário independente, mas sem eleições plenamente democráticas.
Muitos moradores estão cada vez mais irritados com o controle cada vez mais rígido de Pequim e com o que veem como a erosão de tais liberdades, temendo que mudanças no Estado de Direito coloquem em risco sua condição de funcionar como um dos centros financeiros globais.
"O governo chinês, o governo central, sempre apoiou plenamente o trabalho da executiva-chefe, Carrie Lam, e do governo de Hong Kong", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lu Kang, em uma coletiva de imprensa.
"O governo central continuará a apoiar com firmeza a executiva-chefe e o governo da RAE (região administrativa especial) de acordo com a lei."
Os comentários ecoaram declarações feitas pelo governo de Hong Kong e pelo escritório de formulações de políticas de Macau no final de semana.
Os organizadores dos protestos disseram que quase dois milhões de pessoas --dos cerca de sete milhões de habitantes de Hong Kong-- compareceram no domingo para exigir que Lam renuncie, o que está se tornando o maior desafio ao relacionamento da China com o território desde 1997.
As manifestações coincidiram com a saída de Joshua Wong, ativista de Hong Kong que é o rosto do clamor da cidade pela democracia plena, da prisão nesta segunda-feira, prometendo se unir ao movimento de protestos em massa.
(Reportagem adicional de Marius Zaharia, Farah Master, Vimvam Tong, Anne Marie Roantree, Noah Sin e Greg Torode em Hong Kong, Ben Blanchard em Pequim e William James em Londres)