LONDRES (Reuters) - Anatoly Chubais, o arquiteto das reformas econômicas pós-soviéticas da Rússia, renunciou ao cargo de enviado especial do Kremlin e deixou o país devido à guerra na Ucrânia, disseram duas fontes à Reuters, o protesto de maior destaque por uma figura russa contra a invasão.
Chubais, que já atuou como chefe de gabinete do ex-presidente Boris Yeltsin, deixou seu cargo como representante especial de Vladimir Putin para laços com organizações internacionais, afirmou à Reuters uma das fontes familiarizadas com o assunto.
Ele foi nomeado para a função, encarregado de "atingir metas de desenvolvimento sustentável", em 2020, dias depois de renunciar ao cargo de chefe da empresa estatal de tecnologia Rusnano, que dirigia desde 2008.
As fontes, que falaram sob condição de anonimato, disseram que Chubais saiu devido ao conflito na Ucrânia. Ele não pretende retornar à Rússia, segundo uma das fontes.
Procurado por um repórter da Reuters, Chubais desligou o telefone. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que Chubais renunciou ao cargo.
Putin chama a ação na Ucrânia de "operação militar especial" que ele diz ser necessária porque a ampliação da Otan ameaçou a Rússia e para interromper o que ele chamou de "genocídio" de pessoas que falam russo na Ucrânia desde a anexação da Crimeia por Moscou em 2014.
A Ucrânia e seus apoiadores ocidentais rejeitam as alegações de genocídio. Eles acreditam que a Rússia lançou uma guerra não provocada para controlar um vizinho que Putin chama de Estado artificial.
Chubais fez parte do pequeno grupo de economistas influentes sob Yegor Gaidar que buscou cimentar a transição pós-soviética da Rússia que jogou dezenas de milhões de ex-cidadãos soviéticos na pobreza.