CAIRO (Reuters) - O grande mufti do Egito alertou o jornal semanal francês Charlie Hebdo contra a publicação de uma nova caricatura do profeta Maomé, dizendo que isso era um ato racista que incitaria o ódio e desapontaria muçulmanos ao redor do mundo.
O satírico Charlie Hebdo publicará na quarta-feira uma primeira página que traz uma caricatura de Maomé, na sua primeira edição desde que militantes islâmicos atacaram a sua redação em Paris na última quarta-feira, matando 12 pessoas.
"Essa edição vai causar uma nova onda de ódio na França e na sociedade ocidental em geral, e o que o jornal está fazendo não favorece a coexistência e um diálogo entre civilizações", disse em comunicado a representação do grande mufti Shawqi Allam, um dos mais importantes clérigos muçulmanos da região.
"Essa é uma provocação injustificada contra os sentimentos dos muçulmanos ao redor do mundo."
No total, 17 pessoas foram mortas em três dias de violência que começou quando militantes abriram fogo na redação do Charlie Hebdo em vingança a publicações passadas de imagens satíricas de Maomé. Com o aumento da demanda pela edição desta semana, o jornal francês planeja imprimir três milhões de cópias, bem mais do que as costumeiras 60 mil.
O grande mufti descreveu o ataque contra o jornal de "terrorista", e a Al Azhar, respeitada entidade egípcia de ensino religioso, se referiu à ação como ato criminoso. No entanto, eles têm sido críticos das caricaturas do profeta.
A representação do grande mufti pediu ao governo francês para rejeitar o que foi chamado de "ato racista" do Charlie Hebdo, acusando o jornal de buscar provocar "confronto religioso e ódio profundo".
A primeira página do Charlie Hebdo mostra Maomé em lágrimas, segurando um cartaz que diz: "Je suis Charlie" ("Eu sou Charlie"). A manchete é "Tout est pardonne" ("Tudo está perdoado").
(Reportagem de Khaled Moussa e Omar Fahmy)