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Criador de Homem-Aranha e outros heróis da Marvel, Stan Lee morre aos 95 anos

Publicado 12.11.2018, 18:58
© Reuters. Presidente eleito Jair Bolsonaro durante entrevista coletiva no Palácio do Planalto

Por Alex Dobuzinskis

LOS ANGELES (Reuters) - Stan Lee, que concebeu o Homem-Aranha, Homem de Ferro, o Hulk e uma legião de outros super-heróis da Marvel Comics que se tornaram figuras míticas da cultura pop de sucesso estrondoso nas bilheterias, morreu aos 95 anos, disse sua filha nesta segunda-feira.

Como escritor e editor, Lee foi fundamental para a ascensão da Marvel, a titã das histórias em quadrinhos na década de 1960, quando, em colaboração com outras pessoas, ele criou super-heróis que encantariam gerações de jovens leitores.

"Ele sentia uma obrigação com seus fãs para continuar criando", disse sua filha J.C. Lee em uma nota à Reuters. "Ele amava sua vida e amava o seu trabalho. Sua família o amava e seus fãs o amavam. Ele é insubstituível". 

Ela não mencionou a causa da morte de Lee mas o site de entretenimento TMZ disse que uma ambulância foi chamada à residência de Lee em Hollywood Hills no início da segunda-feira, e que ele havia morrido no Hospital Cedars-Sinai. 

Norte-americanos já estavam familiarizados com os super-heróis antes de Lee, em parte graças ao lançamento em 1938 de "Superman" pela Detective Comics, empresa que viria a se tornar a DC Comics, arquirrival da Marvel. 

Lee era amplamente creditado por ter acrescentado uma nova camada de complexidade e humanidade aos super-heróis. Seus personagens não eram feitos de pedra - mesmo quando pareciam ter sido esculpidos em granito. Eles tinham preocupações amorosas e financeiras, defeitos trágicos e sentimentos de insegurança. 

"Eu achava que seria divertido conhecer um pouco sobre suas vidas privadas, suas personalidades e mostrar que eles eram humanos além de super-heróis", disse Lee à NPR News em 2010.  

Ele teve ajudar para desenvolver seus personagens, mas carregava para si o dever de promovê-los. 

Suas criações incluíram o adolescente atirador de teias Homem Aranha, o musculoso Hulk, os mutantes do X-Men, o Quarteto Fantástico e o inventor e playboy Tony Stark, mais conhecido como Homem de Ferro. 

"Os personagens de Stan eram sempre super-heróis que tinham um tanto de humanidade neles ou um defeito", disse Shirrel Rhoades, um ex-vice presidente da Marvel e publisher da empresa em meados dos anos 1990. 

"Por mais icônico que seja o Superman, ele é considerado um escoteiro. Ele não tem defeitos reais", explica Rhoades. "E aí você tem o Homem Aranha, as crianças se identificam com ele por que ele tem problemas como elas tinham. Ele sofria com grandes angústias". 

Lee envolvia seus artistas no processo de criação de histórias e de personagens, no que ficaria conhecido como o "método Marvel". Isso levou críticos a apontarem que Lee levava crédito por ideias que as vezes não eram suas. 

Ele descreveu seu processo criativo à Reuters ressaltando como chegou ao seu personagem Thor, o deus do trovão emprestado da mitologia nórdica. 

"Eu estava tentando pensar em algo que fosse completamente diferente", disse. "O que poderia ser maior e mais poderoso que o Hulk? E pensei então: por que não um deus legendário?". 

Para garantir a Thor um discurso mais convincente, Lee deu a ele falas estilizadas como na Bíblia e em textos de Shakespeare. 

Em entrevistas, Lee também disse ter baseado Tony Stark e Homem de Ferro no industrial Howard Hughes. 

Dezenas de filmes da Marvel Comics, com quase todos os principais personagens criados por Lee, foram produzidos nas primeiras décadas do século 21, arrecadando cerca de 20 bilhões de dólares em bilheterias mundiais, de acordo com dados do setor. 

Lee, como um contratado da Marvel, recebia pagamentos limitados sobre os lucros inesperados vindos de seus personagens. 

Em um contrato de 1998, ele lutou contra uma cláusula que lhe dava 10 por cento dos lucros de filmes e programas de televisão com seus personagens da Marvel. Em 2002, processou para reivindicar sua participação, meses após "Homem Aranha" chegar aos cinemas. Em um acordo judicial três anos depois, recebeu 10 milhões em um pagamento único. 

© Reuters. Presidente eleito Jair Bolsonaro durante entrevista coletiva no Palácio do Planalto

Estúdios de Hollywood fizeram dos super-heróis uma pedra fundamental em sua estratégia de produção de menos filmes ao contar com os grandes lucros vindo de Blockbusters. Alguns assumem que, como resultado, a riqueza de Lee teria disparado. Ele contestava isso. 

"Eu não tenho 200 milhões de dólares. Eu não tenho 150, não tenho 100 milhões ou nada perto disso", disse Lee à revista Playboy em 2014. Tendo crescido durante a Grande Depressão, Lee acrescentou que estava "feliz em receber um bom pagamento e em ser bem tratado". 

Em 2008, Lee recebeu a Medalha Nacional das Artes, o maior prêmio governamental concedido a artistas. 

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