BOGOTÁ (Reuters) - Colômbia e Bolívia pedirão de forma conjunta à Comissão de Narcóticos da Organização das Nações Unidas (ONU) que a folha de coca seja retirada de lista de substâncias proibidas da entidade e que seus usos tradicionais sejam formalmente aceitos, disse o governo colombiano nesta quarta-feira.
A proposta, que os dois países apresentarão na sessão da comissão em Viena em meados de março, é uma tentativa de desestigmatizar as discussões sobre o problema das drogas, disse a vice-ministra de Assuntos Multilaterais da Colômbia, Laura Gil, em comunicado.
"A Bolívia e a Colômbia consideram que é o momento de colocar novamente esse tema na mesa", disse. "Remover a folha de coca -- a folha, não a cocaína -- da lista de substâncias proibidas".
As folhas de coca são amplamente utilizadas em diversos países da América Latina, principalmente por grupos indígenas, para tratar dores de estômago e o mal estar causado pela altitude, entre outros usos em cerimônias.
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro -- que assumiu o cargo há pouco mais de seis meses -- criticou a guerra contra as drogas liderada pelos Estados Unidos, que disse ser um fracasso, e pediu uma nova abordagem internacional.
Petro e o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, discutiram a intensificação do compartilhamento de inteligência e outras medidas, mas permanecem em desacordo em algumas questões como a extradição de presos.
O presidente da Bolívia, Luis Arce, disse em janeiro que seu governo pressionará para que a folha de coca seja removida da lista para que possa ser comercializada, depois que seu antecessor, Evo Morales, descriminalizou a coca nacionalmente.
(Reportagem de Nelson Bocanegra; Reportagem adicional de Daniel Ramos em La Paz)