Por Andrew Cawthorne e Daniel Kai
CARACAS (Reuters) - O presidente venezuelano Nicolas Maduro deve se encontrar no domingo com representantes da oposição e mediadores internacionais, um gesto que seus adversários suspeitam ser uma estratégia para gastar tempo e aliviar a pressão sofrida pelo impopular líder socialista.
A coalizão União Democrática, de oposição, aumentou os protestos desde que as autoridades impediram a realização de um referendo neste ano sobre o governo de Maduro, no qual as pesquisas demonstraram que ele perderia, fato que levaria a uma eleição presidencial.
Críticos dizem que os últimos 17 anos de governo socialista arruinaram a economia do país membro da Opep, fragilizando sua democracia enquanto o governo diz que a elite apoiada pelos Estados Unidos busca um golpe de Estado.
Maduro afirmou que irá pessoalmente à reunião no domingo, que deve acontecer em Caracas, enquanto o secretário geral da coalizão Jesus Torrealba irá representar as suas quase 30 organizações políticas diferentes.
Também devem comparecer um enviado do Vaticano, representantes do bloco regional Unasul, e três ex-chefes de Estado da Espanha, Panamá e República Dominicana.
Torrealba, em um blog, disse que a agenda da oposição consistiria em ressuscitar o plebiscito, libertar prisioneiros políticos, auxiliar as vítimas da "crise humanitária" na Venezuela, e exigir respeito para o parlamento, atualmente liderado pela oposição.
"Pode haver conclusões importantes que permitam uma atenuação do conflito, um retorno para o caminho eleitoral, e um distanciamento da tempestade da violência", disse.
"Não há como negar: há ceticismo e desconfiança".
Vários líderes da oposição se distanciaram das negociações, dizendo que Maduro se tornou um ditador que está apenas promovendo o diálogo para se fortalecer em sua posição.
"Todo mundo sabe que o presidente Nicolas Maduro e seu regime usam o diálogo como um mecanismo para evadir responsabilidades constitucionais e ganhar tempo", disseram 15 partidos da coalizão em uma carta que exigia que Torrealba utilizasse a reunião de domingo apenas para negociar a saída de Maduro neste ano.
O ministro venezuelano das Relações Exteriores Delcy Rodriguez disse que Maduro, de 53 anos, não esteve presente à cúpula Ibero-americana na Colômbia para se preparar para a reunião de domingo.
O encontro de domingo segue uma série de protestos e marchas da oposição, incluindo uma greve nacional parcialmente bem sucedida na semana passada.
A oposição também planeja uma marcha até o palácio presidencial de Miraflores na próxima quinta-feira, o que levanta acusações governamentais de que eles querem reprisar o episódio do golpe frustrado de 2002, contra o antecessor de Maduro, Hugo Chavez. Ele permitiu um referendo à época e venceu nas urnas.