Por Humeyra Pamuk e Steve Holland
WASHINGTON (Reuters) - Quando o presidente norte-americano, Joe Biden, divulgou publicamente uma proposta de cessar-fogo em Gaza desenvolvida por Israel e pelos Estados Unidos e a enviou ao Hamas, ele o fez sem buscar um acordo com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, segundo três autoridades dos EUA com conhecimento do assunto.
A decisão do anúncio unilateral -- medida pouco comum para os Estados Unidos em relação a um aliado -- foi deliberada, afirmam as autoridades, e diminuiu o espaço para Israel ou o Hamas se afastarem do acordo.
"Não pedimos permissão para anunciar a proposta", disse uma autoridade sênior dos EUA, de maneira anônima para discutir livremente as negociações.
"Nós informamos os israelenses que daríamos um discurso sobre a situação em Gaza. Não entramos em muitos detalhes sobre o que seria."
Durante meses, negociadores de EUA, Egito e Catar têm tentado mediar o fim do conflito que matou dezenas de milhares de pessoas, mas um acordo tem se provado difícil.
O anúncio de Biden e o seu enquadramento da proposta como um acordo "que Israel ofereceu" tiveram a intenção de aumentar as esperanças por um cessar-fogo e colocar pressão sobre Netanyahu, segundo Jeremi Suri, professor de História e assuntos públicos da Universidade do Texas, em Austin.
Questionada se o anúncio de Biden era uma tentativa de pressionar Netanyahu, uma autoridade israelense disse que ninguém pode impedir Israel de destruir o Hamas e suas capacidades de governança.
Na segunda-feira, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, negou, a jornalistas, que o governo estava tentando "emboscar" o líder israelense.