Por Francesco Guarascio e Gabriela Baczynska
BRUXELAS (Reuters) - França, Alemanha e Itália apoiaram uma ameaça da União Europeia de limitar exportações de vacinas contra Covid-19 devido ao aprofundamento de disputas causadas pela escassez de vacinas e à dificuldade do bloco de 27 nações para obter mais remessas.
Na quarta-feira, a Comissão Europeia ameaçou proibir as exportações para países como o Reino Unido, que têm taxas mais altas de vacinação, mas não exportam vacinas para a UE. A meta é salvaguardar suprimentos para os cidadãos do próprio bloco em meio a uma terceira onda da pandemia.
França, Alemanha, Itália e Dinamarca estão entre os que endossaram controles de exportação mais rígidos, de acordo com três diplomatas e autoridades que compareceram a um encontro de embaixadores da UE pouco depois da ameaça da Comissão.
Mas um sinal de discórdia surgiu quando Holanda, Bélgica, Luxemburgo e Irlanda se mostraram mais cautelosos, disseram duas autoridades, acrescentando que um debate sobre a questão acontecerá em uma cúpula do bloco na semana que vem.
A AstraZeneca atrai muitas críticas na UE, que diz que a produtora de vacinas não está cumprindo suas obrigações de suprimentos.
"Tudo deriva de uma frustração crescente com a AstraZeneca e de se estar sob uma pressão para fazer algo sobre isso. Não temos vacinas suficientes, exportamos como loucos sem conseguir nada", disse um dos diplomatas que participou das conversas.
Nesta quinta-feira, a Comissão disse que está enviando uma carta à AstraZeneca, o que pode ser o primeiro passo de uma batalha legal contra a empresa anglo-sueca.
Na semana passada, esta disse que pretendia entregar 100 milhões de doses de sua vacina ao bloco até o final de junho, ao invés das 300 milhões previstas em seu contrato com a UE, citando problemas de produção e restrições de exportação.
Separadamente, seis países da UE, incluindo Letônia, Bulgária e República Tcheca, exigiram que o bloco redistribua as vacinas que está comprando coletivamente para compensar suas carências de vacinas da AstraZeneca.
Eles esperam acertar um "mecanismo de correção" do esquema rotineiro de distribuição baseado no tamanho da população de cada país para obter uma parcela maior das 10 milhões de doses adicionais prometidas pela Pfizer para o segundo trimestre.