Por Catarina Demony e Pedro Nunes
SÃO JORGE, Portugal (Reuters) - Sem ideia de quando poderá retornar, um casal aposentado posou para foto no lado de fora de sua amada casa, antes de deixar São Jorge, ilha nos Açores, em Portugal, que está se preparando para o desastre, após uma série de pequenos tremores.
Fátima e Antônio Soares, que estão na casa dos 70 anos, decidiram deixar sua residência, junto com outras dúzias de moradores locais, neste sábado, uma semana depois de milhares de tremores começarem a sacudir a ilha vulcânica no meio do Atlântico.
Sismólogos temem que os mais de 12.700 tremores, que tiveram magnitude de até 3,3, possam gerar uma erupção vulcânica ou um poderoso terremoto.
“Eu pedi que o motorista do táxi por favor tirasse uma foto de nós porque eu não sei se minha casa será a mesma quando eu voltar”, disse Fátima, enquanto o casal aguardava no aeroporto de São Jorge por um voo para ilha de Terceira, nas proximidades.
“As lágrimas começaram a cair imediatamente”, disse.
O casal, que estava na ilha quando um grande tremor a atingiu em 1964, ficará em um pequeno hotel por enquanto, mas espera retornar à ilha, casa de cerca de 8.400 pessoas, assim que possível.
“Deixar nossa casa, com esta idade, é duro”, disse Antônio.
Dezenas de outros moradores de São Jorge também foram embora no começo do sábado. Os últimos números do governo mostraram que cerca de 1.250 pessoas deixaram a ilha apenas em 23 e 24 de março.
O centro de vigilância sismo-vulcânica da região, Civisa, elevou o alerta vulcânico para o nível quatro na quarta-feira, o que significa que há uma “possibilidade real” de que o vulcão possa entrar em erupção pela primeira vez desde 1808.
(Reportagem de Catarina Demony, Guillermo Martinez e Pedro Nunes em São Jorge)