Por Joseph Ax e Rich McKay
ATLANTA (Reuters) - Enquanto centenas de milhões de dólares são despejados nos dois segundos turnos da eleição em 5 de janeiro no Estado norte-americano da Geórgia que determinarão o controle do Senado, democratas e uma constelação de aliados realizam uma campanha febril para mobilizar tantos eleitores negros quanto possível.
O sucesso de seus esforços -- anúncios direcionados, eventos virtuais e até a divulgação de porta em porta, apesar da pandemia de Covid-19 -- provavelmente decidirá o resultado, dizem analistas.
"Um comparecimento alto do eleitorado negro é essencial para uma vitória democrata", disse Andra Gillespie, professora da Universidade Emory de Atlanta.
"Se o índice de comparecimento for menor do que é em outros grupos... isso ajudará a cavar um buraco do qual os democratas não conseguirão sair."
Se um ou os dois republicanos David Perdue e Kelly Loeffler vencerem, seu partido manterá a maioria no Senado e o poder de frustrar a pauta legislativa do presidente eleito Joe Biden em questões que vão da economia à mudança climática e às relações raciais.
Apesar da surpreendente vitória de Biden sobre o presidente norte-americano, Donald Trump, na Geórgia na eleição de 3 de novembro, Perdue ficou à frente do documentarista Jon Ossoff, mas teve pouco menos dos 50% de votos necessários para evitar um segundo turno. O reverendo Raphael Warnock, pastor sênior da Igreja Batista Ebenezer de Atlanta, tradicionalmente negra, e Loeffler lideram páreo de diversos candidatos na outra corrida.
Ao se sair melhor do que Trump, Perdue se beneficiou de eleitores de tendência republicana que desgostam do presidente, mas não estavam dispostos a votar em democratas.
"Esses serão eleitores difíceis para os democratas conquistarem", disse o pesquisador Terrance Woodbury.
"Eles são eleitores muito previsíveis, e é muito improvável que votem em democratas."
Os democratas precisam do comparecimento dos negros como contrapeso. Dados estaduais mostram que pouco mais de 27% dos eleitores se identificaram como negros em novembro -- em 2016 foram 28%.
Outro trunfo é o possível efeito da ausência de Trump na disputa e de seus ataques infundados à eleição de novembro no comparecimento. Uma pesquisa informal da Reuters feita neste mês com 50 republicanos da Geórgia revelou que todos eles planejam votar, embora quase todos acreditem nos ataques de Trump.
( Por Joseph Ax em Princeton, em Nova Jersey, e Rich McKay em Atlanta; reportagem adicional de Susan Cornwell, em Washington)