Por Doina Chiacu e Susan Heavey
WASHINGTON (Reuters) - Parlamentares democratas dos Estados Unidos acusaram o presidente Donald Trump nesta quinta-feira de dar sinal verde para a Rússia interferir na corrida presidencial de 2020, e um aliado republicano destacado disse que Trump errou ao dizer que aceitaria sujeira política de fontes estrangeiras.
O alvoroço veio na esteira de comentários televisionados nos quais o presidente disse à ABC News que estaria disposto a ouvir informações prejudiciais sobre oponentes políticos agora que busca a reeleição.
"Acho que você poderia querer ouvir, não há nada de errado em ouvir", disse Trump em uma entrevista exibida na quarta-feira. "Não é uma interferência. Eles têm informações, acho que eu aceitaria. Se eu achasse que há algo errado, eu talvez fosse ao FBI – se achasse que há algo errado."
Trump fez os comentários menos de três meses depois de o procurador especial Robert Mueller apresentar um relatório que revelou que a Rússia realizou uma campanha de ataques cibernéticos e de influência para ajudar Trump a derrotar a democrata Hillary Clinton na eleição presidencial de 2016.
As colocações de Trump à rede ABC causaram revolta em parlamentares e pré-candidatos presidenciais democratas que almejam enfrentá-lo em 2020, e até em um de seus principais aliados republicanos.
"O que o presidente disse na noite passada mostra claramente, mais uma vez, uma vez após a outra, que ele não conhece a diferença entre certo e errado", disse a presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, a democrata mais graduada do Congresso. "Não existe noção... nenhuma noção ética que sustente seus comentários e seu pensamento."
Alguns pré-candidatos presidenciais democratas renovaram seus apelos de impeachment do presidente, mas Nancy disse que os líderes de seu partido se aterão ao plano de investigar Trump e seu governo antes de iniciar qualquer processo formal de impeachment.
O senador republicano Lindsey Graham, um dos aliados mais próximos de Trump no Congresso, fez coro com os democratas ao criticar os comentários do presidente.
"Acho que é um erro", disse Graham, que preside o Comitê Judiciário do Senado.
Qualquer contribuição estrangeira de "dinheiro ou outra coisa de valor" viola a lei de financiamento de campanha dos EUA. Especialistas legais dizem que solicitar informações conscientemente de uma entidade estrangeira também seria ilegal.